sábado, 29 de dezembro de 2007

E lá se vai um século! Um século!

Com toda sinceridade, não tenho pretensão para chegar a 100 anos, é muito tempo, hoje não me vejo preparado, quem sabe daqui a algum tempo, mas admiro quem chega bem lá.
Não pelo simples viver, que já é árduo na maioria das vezes, nem pelas tantas mazelas que a vida vai nos colocar à frente nessa longa jornada, mas o medo, sim, se não penso em chegar a tal idade o maior motivo é o medo, o medo da demência. Chegar aos 100 com clareza de pensamento não é para todos.
Quando tinha um terço ou menos da minha idade, já que estou falando dela, conheci algumas estruturas em minha cidade natal, São Paulo, que me deixavam meio estarrecido. Um prédio em forma de S; um parque muito verde, com lagos e tudo enquanto, com estruturas imensas de concreto pelo meio, com verdadeiras intervenções em meio do verde, uma cúpula, um outro prédio retangular mas que por dentro traz uma serpente em forma de passarela, ou vice-versa, uma enorme marquise, que os jovens usavam para brincar de patins, bicicletas e pular cordas, e embaixo dela ainda museus, lanchonetes; noutro parque, aí já mais novo, uma enorme mão espalmada de concreto, com um veio de sangue em vermelho vivo onde se desenhava a América Latina nos dava as boas-vindas e ali uma infinidade de outras estruturas, todas muito bem organizadas compondo um espaço único. Depois de algum tempo, entre críticas, pois não são todos que gostam das tais estruturas, descobri que existia um único Ser que havia pensado nisso tudo.
Acho que daí veio o meu sonho, já na metade da minha atual idade, de enveredar por esses campos. Fui relapso, é certo e assumo, pois não fui buscar mais detalhes do sujeito àquela época, mas passei a olhar as construções com outros olhos.
Alimentando o sonho, com um orçamento familiar muito apertado cheguei a cursar o Colegial Técnico em Edificações, no qual cheguei a ser habilitado, e ali conheci um mundo de coisas e gentes, uma delas é meu Mestre até hoje, Manoel Nery, que vivo citando por aqui (Não deu Manoel, não me contive, afinal você fez parte), mas por um erro crasso deixei o sonho de lado e corri atrás do dinheiro. Burrice plena, afinal quando somos jovens sonhar é mais barato(!), e atrás do dinheiro corro até hoje. Mas não era aqui que queria chegar, falava sobre uma pessoa que desde um bocado de tempo me chama atenção.
A visão dele relação ao mundo é genial, procure assistir ou ler uma entrevista, que aliás são muito raras, e duvido não se apaixonar.
Um Brasileiro genuíno, sonhador de um mundo melhor, irreverente de humor ácido, talvez um dos últimos comunistas autênticos, Stalinista, um ser pensante até hoje, para ter idéia, em seu escritório são ministradas semanalmente aulas de filosofia com ciência, não sei se rico, mas se foi em algum momento, nunca ninguém soube.
Os amigos dele? Ah, foram e são os mais diversos seres pensantes, Prestes (à quem deu a casa onde era seu escritório de arquitetura no Rio para que o Partido Comunista Brasileiro se instalasse), Darcy Ribeiro, Gershon Knispel (artista Plástico), Ferreira Gullar (Vulgo Tio José) e mais um monte de gente boa. Não dá para ficar citando muita coisa, ele é infindável!
Odeia especialistas, acha-os todos os maiores burros que a ciência pode compor. Para ele todo ser humano tem que saber um pouco de tudo, de Filosofia, de Matemática, de Línguas, de Sociologia, de Biologia, de tudo, tanto prova, que num dos mais astutos projetos, na Argélia, ele fez uma Universidade inteira em apenas 2 prédios. "Eu queria fazer o que o Darcy Ribeiro propunha: dar mais ligações para que os estudantes tivessem mais contato, trocassem experiências. Então, aí é o ensino que evolui e influencia a arquitetura. De modo que a arquitetura cresce com esse apoio lateral da sociedade, da técnica."
A Obra deste mestre foi reconhecida nos quatro cantos do mundo e é muito vasta!
Pode parar um instante e bater palmas, ELE É UM BOM BRASILEIRO e já soma 100 anos de vida!
O meu singelo muito obrigado pelo legado deixado, por ter me apresentado uma das ciências que mais admiro. O presente quem ganhou fui eu (nós), e o que são 14 dias de atraso para quem já passa dos 100 anos?
Parabéns Oscar Niemeyer!

Saiba mais sobre Oscar Niemeyer

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O fim de mais um ciclo. Feliz 2008!

Amigo leitor,
Mais um ano termina, na verdade faltam 4 dias e algumas horas, mas já vou me adiantando e deixo aqui minha mensagem para o próximo que já bate à porta.
Acredito que na vida tudo é cíclico e os momentos de início e fim são as vezes mais importantes que o ciclo em si.
O ciclo não é determinado pelo dia 31, poderia ser no dia 5, 14, 20, ou qualquer outro. O ciclo tem início quando determinamos que aquele momento é o início. Pode ser um início de uma relação, de uma empresa, de um curso, o nascimento, o plantio, cada um desses itens e outros tantos tem um início e este momento é mágico. Um dia escreverei mais sobre isso, acho muito pertinente.
Para o final deste e inicio do próximo, deixo um vídeo lindo que recebi e que transmite exatamente o que desejo ao leitor, que passa aqui com seus olhos e perde alguns minutos da sua preciosa vida, assim como àqueles que me cercam e àqueles que quero tão bem, mas que geograficamente estão longe.
Um lindo 2008 para todos nós!

Por favor, me chame para bater! (Sempre!)

Quando quiseres,
atinja-me em cheio.
Minha face para que batas!
Só não tente na vertigem,
não aja no desespero.
Arruínas o que não te pertence,
apunhalas o Virgem!
Tudo por conta
dos teus loucos devaneios...

Lealdade...

Serei,
Serei leal contigo
Quando eu cansar dos teus beijos,
Te digo
E tu também liberdade terás
Pra quando quiseres bater a porta
Sem olhar para trás
Se o teu corpo cansar dos meus braços
Se teu ouvido cansar da minha voz
Quando teus olhos cansarem dos meus olhos
Não é preciso haverfalsidade entre nós
Serei,
Serei leal contigo
Quando eu cansar dos teus beijos,
Te digo

Lealdade (Wilson Baptista/Jorge de Castro)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Mais um Natal! Que bom!!!

O Natal se aproxima e parece que as pessoas quase, disse quase, mudam.
O movimento normal diminui, a correria agora é outra, correm para torrar o décimo terceiro salário e contrair umas dividazinhas novas, tudo por conta dos presentes.
O comércio está muito animado, as vendas cresceram mesmo se utilizando de um apelo de mais de dois mil anos. Minha caixa de mensagens recebe um zilhão de cartões e afins.
Impressiona a falsidade que toma conta das pessoas nesse período. Os mais religiosos entram num momento de introspecção e meditação. Os medianos fazem de tudo para fazer com que os outros acreditem em seu perdão e buscam o perdão alheio também, os menos religiosos assistem a tudo de camarote, vendo aqueles abraços e tapinhas nas costas, distribuição de brindes, cartões de felicitações, folhinhas...
Amigos, serei muito sincero. Admiro a religião católica. Mesmo com todas as grandes sacanagens e falcatruas que conseguiram fazer da idade média até noutro dia, eles estão aí, firmes e fortes, mas não consigo cair no seu papo. Sou batizado (por não ter tido escolha), já meus filhos não, seguirão a religião que bem entenderem, não tenho direito de opinar por eles numa questão tão íntima.
Por outro lado adoro o período do Natal, com todo respeito que se deve ter, assim como respeito as outras religiões, mas eu adoro... as comidas e a festa! Afff... Peru, bacalhau, presuntos, castanhas, farofas especiais, arroz de não sei o quê, uvas, cerejas, ameixas, panetones, rabanadas, bolos específicos da época, queijos e mais queijos, vinhos... Eu me divirto, me acabo! A casa está cheia, muita gente falando, estão todos bem arrumados e se você for uma pessoa de sorte, só com pessoas queridas de verdade ao seu lado, a música é alta, mas num volume que podemos conversar, tudo está animado, a mesa repleta, mais gente chegando de longe, presentes inusitados, casa enfeitada, criançada correndo... Nesses dias, que se danem as dietas, quem tem pressão alta cai de boca no presunto parma, azeitonas e bacalhau, quem é diabético mete a mão na rabanada ainda que escondido da mulher, aquele tio que não pode beber, mais uma vez enche o caneco, criança quebra nozes no chão fazendo a maior sujeira, mas se divertindo com os cacos que voam longe, tudo isso regado a risadas, piadas novas e discussões antigas acaloradas.
Agora, entre as incoerências, uma que me assusta é a de desejar Feliz Natal aos quatro ventos, à todos. E se eu não sou católico? Em outros países poderia ser um afronto! Numa terra que abraçou todas as religiões e raças deveríamos estar acostumados a isso, não?
Por isso amigos, não desejarei feliz Natal, mas espero que no dia 24 todos tenham uma noite de muita alegria, de mesa farta, de pessoas maravilhosas ao seu lado, que no dia 25 tenham um almoço animadíssimo, feliz de verdade, cercado de paz, alegre, entre as pessoas mais importantes para você.
E claro, BOAS FESTAS!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Te odeio, te amando. Mas um dia eu te largo!

Fétido
Nauseabundo
Inconstante
Brega
Quase ilegal
Poluidor
Execrado por muitos
Maldito!

Te odeio
te amando
após o almoço
após os cafés
e antes
Guardado
no bolso do peito
Do lado esquerdo(!)
cOf, CoF, Cof, coF
Acendo mais um.

E lentamente me tiras o fôlego
Até eu tomar vergonha
e te largar para sempre!

Pintura de uma Área de Fumantes - Local desconhecido

Um dia, ei de ser um dos que estão lá em cima!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Inclusão Digital

No Brasil, a verdadeira inclusão digital é o exame de próstata!

ACAQMOC

Homem é um bicho no mínimo interessante...
Conversando com alguns conhecidos, descobri uma associação ou grêmio, como queira, que está se formando.
Ela não trata de religião, de time de futebol, de temas politicamente incorretos nem nada disso.
É uma associação de homens caras de pau. Daqueles que a maioria não quer perto!
Um deles se justificou dizendo o seguinte: "Observador, a situação é a mesma do assassino. Basta matar o primeiro, o resto é conseqüência." Ou seria inconseqüência, pensei eu.
Forte não?
Na verdade é um grupo de homens que se assumiu! Calma leitor, não estou falando daqueles velhos tabus que já foram quebrados! É pior!
A associação é a ACAQMOC, ou Associação dos Caras que Querem as Mulheres dos Outros Caras.
Sim, acredite!
O pior é que não faltam adeptos! Não por serem todos um bando de canalhas (agora de carteirinha!), mas por que não conseguem se segurar frente às tentações.
Alguns deles me contaram que na Associação existe até um cara que era cheio de preconceitos, cheio de verdades absolutas, mas que num momento de displicência foi seduzido por uma beldade já casada. Sim amigo, filho de ex-clérigo! É mole? Dizem que graças à Pfizer que não é mais, mas é no mínimo inusitado!
Eles me justificavam que na verdade não vão à caça, como lobos famintos à procura de mulheres aliançadas, elas que vêem até eles, que aparecem do nada. Inclusive um dos mandamentos diz que o homem não procure a mulher só por ser compromissada, que deixe acontecer.
Ah, esses meninos de sorte (ou não?)!
Eles parecem felizes, preocupados é bem verdade, mas felizes.
Não há sede própria, nem reuniões sistemáticas para debates de assuntos do grupo, parece também que existem sócios honorários, convidados e alguns visitantes, esses últimos em maior número, mas sem direito a carteira de identificação, que dá descontos em drogarias, bares, floriculturas, livrarias, restaurantes, motéis e postos de gasolina!
Me intriga uma coisa: E essas mulheres?
O debate é longo e deixo para você que está lendo, continuar ali embaixo, no comentário. Essa estória dá-se por conta dos homens de hoje serem menos amáveis? Por aventuras? Por uma necessidade de sermos todos "iguais"? Por falta de vergonha mesmo? O que está acontecendo? Opine!

Cumplicidade de um "Sonho" bom demais!

Era numa saia, ou será vestido?
Não sei ao certo, mas despeitadamente voava, leve feito bruma.
Cegou-me a vista! Invadiu o recinto e tirou para si os ares!
Nem sei se outros a olhavam, mas fiquei hipnotizado.
Quando dei por mim estava assim, leve feito ela, com um perfume só nosso entre meus poros.
O que parecia ser inverdade, coisa de sonho ou conto, deitava ali, repleta de cumplicidade, descansando entre pernas que já se cruzavam.
Não acordei mais...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Conversa ao cair da tarde (e da garoa)

- O que queres ganhar de Natal?
- Felicidade!
- Já não a tens?
- Nunca é demais! É como esperança... e diferente de dinheiro!
- Tá bom... providenciarei!

Nada como termos bons amigos!!!

O Observador - Um Conto Zen

Certo dia um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a 1405 - e lhe disse que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. Em seguida, o rei comentou que Muhak parecia um grande porco faminto procurando comida.
- E você excelência, parece o Buda Sakiamuni meditando, sobre um pico elevado dos Himalaias.
O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak.
- Comparei você a um porco, e você me compara ao Buda?
- É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda.

Este é um conto Zen extraído na íntegra do site da Associação Gnóstica, visite-o! Muito bom!
Em tempo, o significado da palavra Gnosis - Em primeiro lugar, a palavra gnosis vem do idioma grego e significa “conhecimento”. Contudo, este conhecimento é de natureza específica e se refere exatamente a um conhecimento espiritual, popularmente conhecido como “iluminação”. Para designar este conhecimento espiritual, o idioma sânscrito nos oferece o termo gnana, que possui o mesmo significado e compartilha da mesma raíz da palavra gnosis.
O gnóstico, portanto, é aquele indivíduo dedicado à aquisição, prática ou experimentação da gnosis, do conhecimento espiritual, ou ainda, do conhecimento daquilo que é de natureza espiritual e incondicionado. O gnóstico persegue o conhecimento de Deus, Brahman, Tao, Dharmakaya, Alá.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Segredo meu que vou vivendo

Gustav Klimt - O beijo. (1907-08)

No segredo
meu acalento.
Vivo
Morro

Nego
ao mundo.
Vivendo tudo.
Mais vivo,
que os outros seres
do mundo.

Mudo.

Te contemplo
ao meu tempo
templo alheio.
E assim, bestamente
vou vivendo.

domingo, 9 de dezembro de 2007

"... eu não tenho onde morar,
é por isso que eu moro na areia!..."

Neste final de semana virei rato de praia! rs

Papai Noel existe, só depende de você!

Amigos, esse negócio de blogue é muito interessante, vejam que atitude louvável está correndo por aqui e ali.
O pessoal do Jacaré Banguela em união com outros blogues de destaque nacional estão apoiando e promovendo uma linda campanha dos Correios.
É simples, todos os anos o correio recebe um zilhão de cartas de crianças do Brasil inteiro pedindo presentes ao Papai Noel. Você vai até o correio da sua cidade e adota uma cartinha. Compra o presente e o correio faz a entrega sem custos.
Os presentes são os mais variados, desde canetas e caderno à bicicletas e eletrônicos, passando por cestas básicas etc.
Aposto que algum desses presentes cabe em seu orçamento de final de ano e além de ajudar, você vai fazer com que o sentimento mais puro de uma criança permaneça vivo. Renove a esperança de muitos desprovidos!
Entre nessa você também!

Veja o vídeo!
(Não consigo colocar aqui dentro! Que raivaaaaa! Estou desaprendendo!)

EDITANDO: Esqueci de citar a minha amiga Ana, Potiguar de excelente escrita e dona do blogue Formato Mínimo, ela também está fazendo coro nessa campanha e foi lá que vi em primeira mão! Pronto Aninha, tá citada!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Depois falamos dos portugueses!

Gente, não dá! Não podemos mais fazer piadinhas dos amigos da "terrinha"! Além de sermos do país da piada pronta, somos imorais! Vejam essa:

Líder de reclamações, Telefônica patrocina encontro do Procon

A Telefônica financiou um encontro de "intercâmbio" com cerca de 100 funcionários do Procon, em São Paulo. A empresa de telefonia é a líder de queixas do órgão de defesa do consumidor.
Durante a festa, foram servidos almoço e vinho. Além disso, houve distribuição de presentes para os funcionários. De acordo com a Telefônica, o objetivo da reunião era trocar informações para melhorar o atendimento da empresa. As principais reclamações direcionadas a empresa estão relacionadas à cobrança por serviços não solicitados.

Perdoe-me!

Que blogue mais desatualizado... Francamente! Um sentimento de culpa infindável está tomando conta de mim! Parece que não Observo mais nada!
Mas não é isso, na verdade o trabalho e o que venho Observando por ai não merece comentários públicos. Mudar o foco de Observação, sim, pode ser, mas não é foco que é ruim ou bom demais, é um tanto segredoso (gostei dessa).
Mas deixando as explicações de lado, peço desculpas à você que veio procurando algo novo e se deparou com os velhos textículos já Observados.
Vamos às novidades e obrigado por visitar!
Assim como diz a frase estampada no saco de papel pardo da padaria: "Servimos bem para servir sempre!"

Quem paga a conta é sempre a ponta!

Não costumo Observar por aqui situações que envolvam política atual ou coisas que gerem polêmica demais, como sexo, religião, futebol etc, mas não me contive.
Hoje, 7 de Dezembro é o Dia Internacional da Aviação Civil e diante da grande novidade do EsseLentíssimo Ministro da (In)Defesa, uma Emenda para punir os atrasos em vôos, levantarei a bola.
A idéia básica da Emenda é que a cada fração de hora por atraso de vôo a Cia. aérea será obrigada a ressarcir os passageiros com reembolsos que chegarão até a 50% do valor pago.
Justo e válido, afinal está uma vergonha o sistema, e por conta das empresas (lê-se Brasileiros como um todo) só aprenderem quando o bolso sente, mas tem um monte de coisas por traz disso!
A muito tempo todas as empresas sobrecarregam seus funcionários e máquinas a trabalharem mais para se tornarem mais competitivas (sabidamente isso não ocorre só na aviação) o que faz com que tenhamos menos equipamentos voando e estes voando mais. Defeitos e adversidades acontecem sim, principalmente quando ninguém espera, é a velha lei de Murph, e quem deve pagar o pato? A cia aérea, lógico, o risco é dela que se subintendente por empreendedora e não nosso que queremos (temos) voar (e a preços bem salgados), mas, e lá vem o mas, existem situações que não são provocadas pelas cias. Por exemplo, problemas climáticos. Nesse caso só resolvendo com o programador da Natureza e nada feito. Tudo bem. Em casos de ordem natural ninguém paga o pato além do passageiro, isso é norma mundial e até justa, mas e nos casos em que o atraso se dá por conta da Infraero, empresa que administra a maioria dos aeroportos comerciais no Brasil, ou quando o atraso for causado pela Aeronáutica, uma vez que ela é quem controla o espaço aéreo? Diz o EsseLentíssimo Ministro da (In)Defesa que a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) encontrará formas de multar a Infraero e demais Órgãos. Achei lindo, o governo irá multar o governo! Muito bem, continuando, o sistema já é muito transparente, não acha ilustre leitor? É tão transparente que nunca sabemos ao certo o motivo real do atraso, e isso enquanto não existe a tal Portaria, porque depois será um jogo de empurra interminável, infindável, e que sobrará para quem resolver? Os Juizados Especiais. Sim leitor, os Juizados estão aí para isso mesmo, mas não é esse o fato, o fato é que mais uma vez não teremos a situação resolvida imediatamente!
Mas, e quando viajo por milhagem? E por cortesia? Lembre-se que milhagem e cortesia não é carona! Vão me reembolsar como? Com base em quê, uma vez que não "paguei" nada?
Ah, mas não fique indignado ainda, não te falei o melhor!
Os tais reembolsos (que particularmente, acho que será mais difícil conseguir que um bilhete da loteria premiado) gerarão custos para as empresas aéreas, claro!
Numa mesa de bar ou restaurante quem paga a conta? A ponta! Nesse caso, você, eu e todos os culpados por termos um governo que não resolve problemas! Não adianta tentar roer o cotovelo com os dentes amigo leitor, faz parte da vida (ou do voto?)!
Aliás, você sabe quantos Órgãos existem no Brasil para cuidar da aviação? Mais de cinco!
Mas não esquenta, daqui a algum tempo inventarão mais um, mas dessa vez para resolver todos os problemas!
Já terminando, diria o estadista francês Charles de Gaulle sobre o Brasil: "este não é um país de homens sérios!" ou preferes a do humorista Aparício Torelli, o célebre Barão de Itararé "há algo no ar e não são os aviões de carreira"?
Leitor, relaxe nessa próxima temporada que está por vir! De novo!!!

sábado, 24 de novembro de 2007

Parabéns!!!

Eu sou um novato nesse negócio de blogue e a cada dia me surpreendo nesse mundo!
Essa Observação é para parabenizar o meu amigo e Mestre Manoel Nery que na última quinta-feira fez dois anos de blogador (Não suporto a palavra blogger).
Manoelzinho é uma figura ímpar. Deixa seus claros pensamentos em seu blogue sem querer aplausos nem esmola alguma. E ele é assim no seu dia a dia, o blogue dele é ele!
Êta ser iluminado, arretado demais!
Parabéns mais uma vez querido, continue sempre assim, discreto, simples, humano, pensante e, claro, blogando!

Eu não acredito que você ainda não visitou o blogue dele! Passe lá e tome um banho de espiritualidade!

Ditados para lembrar...

É só para eu não me esquecer.
Se servir para você, use!

"Cesteiro que faz um cesto, faz um cento."

" O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Na área! Observando sempre!

Salve amigos!
Alguns andam a me perguntar o porquê do sumiço.
Na verdade não há sumiço, mas como bom observador, algumas vezes tenho que parar para me observar, e aí exige uma certa dose de paciência e silêncio...
Mas não desisti, nem sou do tipo que desiste assim. Se fosse para terminar colocaria um ponto final de maneira clara. Apenas fiz uma vírgula, afinal, estou sempre aprendendo que
"Existem mais segredos entre a língua e o céu, que o vão dos dentes podem imaginar!"

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ernesto Varela - Grande Repórter

Contrapondo a brincadeirinha abaixo, você se lebra do Ernesto Varela?
Ah, que saudades desse intrépido, provocativo e sério reporter!!!
No início da década de 80, ele fazia as perguntas que todo Brasileiro pensante tinha vontade de fazer a algumas pessoas da "mídia".
Na barra ao lado tem o link para o Blog do Marcelo Taz, mas o saite está muito melhor. Visite-o! Você vai relembrar de alguns personagens desta grande figura, dentre eles o Ernesto Varela e o Valdeci, seu Câmera!
Deu saudade? Não sabe quem é, mas ficou curioso? Veja os vídeos:




Brincadeira de péssimo gosto...


Estão brincando com coisa séria: A minha paciência!
Sou Brasileiro, mas não mereço "tanto"!

sábado, 10 de novembro de 2007

Cultura em nuvens musicais

Vou ali para um Entreveiro numa nuvem de notas musicais! Amanhã, ou quem sabe na volta te relato as Observações que fiz.
Onde?
Ah, um show de Yamandú Costa, grande e jovem violonista da atualidade brasileira!
Ainda tem tempo, é as 21h no memorial de Maria Aragão, sim, em São Luís.
Eu sei que está em cima da hora, mas só soube agora... Perdoe-me!
Apareça (se puderes) e Observe também!

Parados enquanto a (nossa) banda passa

Não pense que perdi,
que perdeste.
Perdemos.
Dois
em um.
Foste.
Fui.
Não!
Antes tivesse sido.
Ficamos parados
Soluçando amor e permanência.
E não nos vimos passar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Quem tem, tem medo!

Na faca ninguém brinca
Extrai.
Finca.
Medo todos têm.
Se intervêm,
que ao menos
seja pelo bem!

Boa sorte "Amiga Febril"!
Torço por ti e tenho certeza dará tudo certo!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O velho que nunca amou

Contam que o elevado e santo Bajezid Bistami encontrava-se falando a uma grande e atenta platéia. Todos os presentes, velhos ou jovens, estavam fascinados com suas palavras. No auge deste encantamento, quando seu discurso enlevava a todos, entrou um fumador de ópio, e com a fala algo arrastada disse:
- Mestre, meu burro se perdeu. Ajuda-me a encontrá-lo.
- Paciência, meu filho, eu vou achá-lo - disse-lhe Bajezid Bistami, continuando seu sermão.
Após algum tempo, enquanto ainda discursava, perguntou aos presentes:
- Existe alguém entre nós que nunca amou?
- Eu - disse um velho levantando-se - eu nunca amei ninguém, desde minha mais remota juventude. Nunca o fogo da paixão consumiu minha alma. Para que não turvasse minha mente, nunca deixei o amor ocupar meu coração.
O venerando Bajezid Bistami voltou-se então para o fumador de ópio que pouco antes o havia interrompido e lhe disse:
- Vê, meu filho, acabo de achar teu burro! Pega-o e leva-o daqui.

Extraído de:Türkische Märchen, Eugen Diederichs Verlag, Jena, 1925
Traduzido do Alemão por Sergio C. Bello

Gostou? É um extrato na íntegra do site
Poesia Sufi. Passa lá, tem muita coisa boa!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sempre Princesa...

Não diga se certo ou errado
aprender lutando tem sua valia,
sempre haverá a magia.
Já quem morre Princesa
não sente, nem imagina
a dureza dos dias
por não ter sido A Rainha.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Autoria Negada - Saudade

Existem diversos textos e poemas de autoria negada pelo mundo. A prática é bem mais antiga que a invenção da web e do computador, mas com o advento destes, se multiplicaram os textos. Vem desde a troca de cartas (Aliás, a quanto tempo não escrevo, nem recebo uma carta...).
A algum tempo recebi ou li, agora não me recordo bem, um poema intitulado Saudades.
Versos bonitinhos, redondinhos, simples e tocantes, puramente doces.
O que me intrigava era o autor. Pablo Neruda.
Não cabia quanto a forma da escrita, aquela doçura sem igual, e o lógico: a palavra Saudades utilizada repetidas vezes que em castellano ficaria bem difícil.
Desmascarado o caso, apresento abaixo o poema e o autor. Para mim é o fim de uma busca. Caso encerrado.

SAUDADE

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por
quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

Este poema não é de Pablo Neruda. É fala do personagem poeta Afonso Henriques, da novela Fera Ferida, de Aguinaldo Silva.
Pobre Neruda, vendido por uma novela global... Nestas horas deve estar de bruços em sua alcova. Não acreditas? Lembre-se que ele era um idealista, socialista em sua essência!

Élle

Na letra de ângulo quadrado
reto
Uma única curva.
Pura adimiração.
Melhor seria se muitas delas
perto.

Devaneios entre olhares
Agora de óculos abertos
Repleto de boas maldades

Se o gringo não vê
(Melhor ainda!)
Coisa nossa.
Linda!
Não te ouve,
é surdo e barulhento
Nunca alcançará a nossa bossa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Neftalí Ricardo Reyes Basoalto

Neftalí Ricardo Reyes Basoalto nasceu em 12 de Julho de 1904, filho de operário ferroviário e professora primária, morta após um mês de vida dele. Aos 13 anos ganhou o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule (uma pequena cidade Chilena) com o poema Noturno Ideal. Estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile onde obteve em 1923 o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", em 1924, com então 20 anos, publica o livro "Veinte poemas de Amor y una canción desesperada". Foi cônsul Chileno em Yangon (capital da antiga Birmânia e atual Myanmar), na Espanha e no México. Em 1945 eleito Senador, obtém também o Prêmio Nacional de Literatura no Chile. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha em 1965. Durante as eleições de 1970, abriu mão de sua candidatura à Allende para que este vencesse as eleições, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa que, a seu ver, poderia ocorrer com o socialismo. Recebeu em 1971 o Prêmio Nobel de Literatura. Morreu em 23 de setembro de 1973 em Santiago de câncer na próstata.
O mundo o conheceu mesmo por Pablo Neruda, e a seguir um poema maravilhoso que pode ser Observado, lido e e re-lido. Desfrute-lo!


Veinte poemas de amor y una canción desesperada - Poema XVII

"Pensando, enredando sombras en la profunda soledad.
Tú también estás lejos, ah más lejos que nadie.
Pensando, soltando pájaros, desvaneciendo imágenes,
enterrando lámparas.
Campanario de brumas, qué lejos, allá arriba !
Ahogando lamentos, moliendo esperanzas sombrías,
molinero taciturno,
se te viene de bruces la noche, lejos de la ciudad.

Tu presencia es ajena, extraña a mí como una cosa.
Pienso, camino largamente, mi vida antes de ti.
Mi vida antes de nadie, mi áspera vida.
El grito frente al mar, entre las piedras,
corriendo libre, loco, en el vaho del mar.
La furia triste, el grito, la soledad del mar.
Desbocado, violento, estirado hacia el cielo.

Tú, mujer, qué eras allí, qué raya, qué varilla
de ese abanico inmenso ? Estabas lejos como ahora.
Incendio en el bosque ! Arde en cruces azules.
Arde, arde, llamea, chispea en árboles de luz.
Se derrumba, crepita. Incendio. Incendio.
Y mi alma baila herida de virutas de fuego.
Quién llama? Qué silencio poblado de ecos?
Hora de la nostalgia, hora de la alegría, hora de la soledad,
hora mía entre todas!

Bocina en que el viento pasa cantando.
Tanta pasión de llanto anudada a mi cuerpo.
Sacudida de todas las raíces,
asalto de todas las olas !
Rodaba, alegre, triste, interminable, mi alma.

Pensando, enterrando lámparas en la profunda soledad.
Quién eres tú, quién eres?"

domingo, 4 de novembro de 2007

Comentário - Pensadura - O Mestre e seu Discípulo

Vejam o que diz o Mestre Manoel Nery num correio eletrônico acerca da Observação que fiz no dia 01 de novembro (Pensadura - O Mestre e seu discípulo) e a outra moral da estória, repleta de espiritualidade:

"Aquela do pássaro congelado é muito boa; o pássaro ia morrer no âmbito da terra; o discípulo o preparou para as alturas, para um plano superior, conduzido por uma águia; essa é também a função dos homens: preparar outros que voem como pássaros a outros planos, conduzidos pela própria alma."

Grande Manoel! Como podes dizer que tens débito comigo? Aff...

O Inferno e o Céu coletivos

Eu estou cheio de idéias, mas sem paciência para colocar no papel como merecem. Farei, prometo, mas não hoje!
Para não deixar de atualizar e contribuir com um cadinho de cultura, segue esse lindo texto extraído na íntegra (O que aliás, tem se tornado uma constante neste blog!) do blog da Associação Gnóstica. Muito bom! Visite-o, vale cada clique!

"Mestre e discípulo foram até uma região onde havia fartura de arroz mas os habitantes daquele lugar possuíam talas em seus braços, o que os impedia de levarem o alimento à própria boca. No meio daquela fartura, passavam fome e eram fracos e subnutridos!
- Veja! - Disse o Mestre - Isto, é o inferno coletivo.
Em seguida, o Mestre guiou o Discípulo para uma região próxima e mostrou que nela também havia fartura de arroz e as pessoas também tinham os braços atados a talas mas eram saudáveis e bem nutridas pois uma levava o arroz à boca do outro, em um processo de interdependência e cooperação mútua.
- E isto é o Céu coletivo."

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Ditado Ditoso

Quando um não quer,
não se mete a colher.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Pensadura - O Mestre e seu discípulo

Tem uma estória que um grande amigo me contou um dia e faço uso sempre que acho necessária, contando sempre para os outros que se encaixam no contexto. Afinal, para que servem as estórias, se não contá-las?

Dizia que havia num país asiático, no alto de um punhado de montanhas um monge e seu discípulo.
Os dois meditavam num espaço aberto apesar do frio intenso em busca do auto-conhecimento, entendimento do ecossistema e das forças da natureza sobre nós, quando de repente caiu do céu um pássaro congelado.
O discípulo atônito, não conseguiu concentrar-se mais e correu para junto do pássaro. Com seu coração puro, cheio de compaixão, clamou ao Mestre uma explicação para a natureza ser tão cruel e o que fazer com o congelado e indefeso animalzinho.
Neste exato momento, a vaca que pastava a poucos passos defecou uma enorme quantidade daquilo que amanhã viria tornar-se esterco.
O Mestre sem pestanejar mandou o discípulo colocar o pássaro sobre as fezes da vaca.
Relutante, mas confiante em seu mestre, o discípulo acomodou o animal como se fosse aquilo uma cama confortável.
Ainda sobre as ordens do seu Mestre, mas sem muita concentração voltaram ao Mantra e Tantra que haviam parado.
Após alguns instantes o pássaro que quase jazia congelado voltou a piar.
- Piiiu, piiiiiiu, piiiiiiiiu, piu-piu-piu. Piiiiiiiiiiiiiu. A cada piado, o pássaro aumentava o volume e o tom se tornava ainda mais agudo.
O discípulo ficou confortado, realmente feliz por ter salvado o pobre e refletia em seu Mestre a luz que o imaginava ter.
Quando menos esperavam, uma águia (ou gavião, como queira), deu um mergulho rápido e "vlap". Levou-o em suas garras.
Do pássaro somente algumas penas agora caiam do céu.
O discípulo desta vez completamente transfigurado, com um peso de culpa enorme, que inclusive fazia questão de dividir com o Mestre pediu uma justa explicação, afinal por conta deles o pássaro que estava quase morto estava agora sendo destraçalhado pelo bico afiado da ave faminta, sentindo a sensação da morte dura e difícil mais uma vez e o que fazia com que ele, o discípulo, sentisse em suas entranhas cada bicada dada e imaginada, além do frio cortante.
O Mestre olhou-o com sobriedade e muito sereno disparou:
- É simples querido discípulo: Nem todos que te põe na merda querem teu mal. Assim como nem todos que te tiram dela querem teu bem. Mas o mais importante de tudo isso e a lição mais clara desta cena trágica: quando estiveres na merda fique de bico fechado, não dê nenhum piu.

Lou Andreas-Salomé e Montaigne

"Ouse, ouse... ouse tudo!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!"

Lou Andreas-Salomé (1861-1937) foi uma bela mulher que escandalizou a sociedade e quebrou regras morais. Teve vários amantes. Conheceu Freud, Jung, Nietzsche, entre outros grandes homens.Mulher engajada e sensível, tinha mito de sedutora.

Porque postei isso? Ah, é aquela velha máxima de Buda (dos dedos) que já Observei aqui...
Já esse outro aqui abaixo é para você! Sim você! Você sabe que é!

"Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva. Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além. O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais."

Montaigne, filósofo francês, escreveu este texto no ano de 1580 sobre os índios brasileiros.Michel Eyquem de Montaigne viveu entre 1533 e 1592 na França e era um pessimista em relação a sociedade da sua época.

49º Jabuti - Deu até na Folha (!), tá "blogado"!

Amigos, acabou de "dar" na Folha de São Paulo on line, tenho que "blogar"!

Gullar ganha o Prêmio Jabuti pelo livro de crônicas "Resmungos"

por MARCOS STRECKER da Folha de S.Paulo


Resmungos", do poeta Ferreira Gullar, e "Latinoamericana - Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe", organizada por Emir Sader, Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile, foram escolhidos os Livros do Ano (ficção e não-ficção, respectivamente) do 49º Jabuti, o mais tradicional prêmio literário brasileiro. Os prêmios foram entregues ontem à noite, na Sala São Paulo.


O livro de Gullar, publicado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne as colunas que o autor publicou na Folha em 2005. Gullar dedicou o prêmio a Antonio Henrique Amaral, autor da aquarelas, xilografias, óleo e colagens que ilustram "Resmungos" e as colunas de Gullar na Folha.


O vencedor de cada uma das 20 categorias recebeu um troféu, junto com a respectiva editora. Os segundos e terceiros lugares também levaram um troféu Jabuti. Os nomes dos três primeiros colocados em cada uma das seções já haviam sido anunciados em 21 de agosto passado. Carlos Nascimento Silva foi o primeiro lugar na categoria "romance" com "Desengano" (Agir). A lista completa dos vencedores está no site http://www.premiojabuti.org.br/.

Pedro José Ferreira da Silva ou simplesmente Glauco Mattoso

Ia postar um texto de Trotski e Lênin com comentários de Arbex Jr., mas navegando mudei de idéia e resolvi Observar um textículo do contundente Glauco Mattoso. O do Arbex posto depois.
Extraído do site, inclusive com a historiografia comentada, segue logo abaixo um pinçado: DEFECTIVO. Parte da coletânea de textos LÍNGUAS NA PAPA: UMA SALADA DOS MAIS INSÍPIDOS AOS MAIS PICANTES POEMAS DE GLAUCO MATTOSO publicado em 1982.
Para quem não conhece, Glauco Mattoso é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias. Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951), o nome artístico trocadilha com "glaucomatoso" (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até acegueira total em 1995), além de aludir a Gregório de Matos, de quem é herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.


DEFECTIVO [1977]

eu mordo
tu mastigas
ele engole
nós digerimos
vós cagais
eles policiam

"Defectivo" (1977) saiu originalmente no JORNAL DOBRABIL e foi reproduzido em inúmeros fanzines, colunas e suplementos literários, suscitando as mais díspares interpretações para um jogo de palavras millorianamente elementar. Por trás do choque verbal entre o aristocrático tratamento em "vós" e uma conjugação vulgar como "cagais" está a contestação da ditadura militar (cerceadora até do pluralista direito ao livre-paladar), mas outros analistas leram no poema alusões ao patrulhamento ideológico das esquerdas e até às relações homossexuais. O professor David William Foster, no ensaio "A poesia homoerótica de Glauco Mattoso" (publicado em 1998 na revista MEDUSA), referindo-se ao livro LÍNGUAS NA PAPA, afirma que "Provavelmente o poema mais genial dessa coletânea é 'Defectivo', não somente enquanto conjuga uma justaposição entre as práticas homoeróticas e a censura do discurso dominante, mas também enquanto perfila um inventário de atividades que envolvem o corpo inteiro, superando no processo a fragmentação imposta pela obrigação de limitar o sexo somente àquelas zonas aprovadas pelo mesmo discurso que o reprime."

Gostou? Passa no site do poeta!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Enche sim!

Simples
mas
Não é pouco
mas
Não cabe
mas
Enche tudo
mais
ECO
OCO

Estou só
falando só...
Que saco!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Inspiração versus Mão.

Momentum. Em três atos.

I
Inspiro
Respiro
Inspiro
Respiro
Não transpiro

II
Papel
Em branco.
Mão atraída
pelo pensamento.
Coração.
Um chororriso franco.

III
A respiração
que foi ofegante
parou.
Entendo
Mas não aguënto
Suspiro.
Lamento.

O Rolex do Huck

"Saí do pulso do meu dono aquele dia, numa rua dos Jardins, e até agora foi só decepção com o Brasil.
Pior do que ser puxado de dentro de uma Porsche Cayenne (ou seria com a BMW Turbo que ele estava naquele dia?) é ficar esquecido dentro de uma mochila. Ainda mais com a secura que anda fazendo em São Paulo.
Estava acostumado a ambientes refrigerados, primeira classe de aviões, jantares na Ilha de Caras. E, claro, tudo isso com a Angélica logo ali ao lado…
E agora?
Para começar, o “correria” já saiu arregaçando a minha pulseira. Mais tarde, tentou me vender numa feira de aves na periferia. Depois, ofereceu-me a um agiota.
Para quem foi fabricado com o objetivo de ser a caixa mais resistente do planeta, é aviltante uma negociação dessa ordem.
Do meu ponto de vista, falta de elegância é pior do que falta de pontualidade.
A Suíça também é um país dividido. Ok, em cantões, e não em favelas e condomínios blindados. Mas mantemos o glamour em qualquer circunstância.
Os tortos do mundo todo não depositam seu dinheiro em nossos bancos? Nazistas? Déspotas? Políticos brasileiros?
Sim. E, mesmo com tudo isso, continuamos com uma imagem de país limpo, verde e civilizado.
Porque temos fineza de espírito.
Nada contra nos roubarem dos pulsos dos lucianos, mauricinhos e plínios. É até uma boa propaganda para a fábrica que me fez.
Mas me trocarem por um 38, meia dúzia de balas, e acabar no pulso de um tira é demais até para quem é à prova de choque."

Excelente Observação do Castelo. Nunca ouviu falar? Aquele do Língua de Trapo, que escreveu o Caseiro do Presidente... Retirado na íntegra do Blog dele! Passa lá!

Dúvida

"Como é isso?
Eu sinto depressão, saudade e digo que estou com um vazio no coração.
O ideal do místico é esvaziar o coração.
Quem tem depressão é místico?
Como sair desta?
Toda depressão e suas variações são causadas por uma ausência; deseja-se que a tal ausência seja preenchida.
Toda mística é caracterizada pelo desejo de ausência; o místico procura estar ausente inclusive de si mesmo; o místico quer o espaço vazio.
O depressivo quer preencher aquele espaço; o depressivo sente o peso da solidão.
O místico quer quanto mais funda a solidão.
Deduz-se que o coração do depressivo não está vazio; está cheio daquilo que ele quer alcançar, está cheio de carências; o depressivo olha para si e tem dó de si mesmo.
O místico tira o olhar de si mesmo: fecha os olhos para entrar no repouso.
No depressivo predomina o movimento, a agitação.
No místico predomina o repouso; a meditação com que ponha o coração no ritmo do silêncio.
Por fim, o depressivo almeja o ter.
O místico almeja o ser."

Mais uma vez na mosca! O texto acima foi extraído na íntegra do Blog do Querido Mestre Manoel Nery. O nome do Blog é SER. Atenção! Nada coincidente, é intencional mesmo!
Observe lá otras cositas más!

Calçada


Calçada
Calcada
Calcária

Calça?
Nunca!
Sunga!

Ela é Carioca, Carioca!

É quase mítica
Lindo sorriso largo!
Tantos dentes
que faz inveja aos pentes
No vestido em branco e preto
ondulado feito desenho da calçada
veio embrulhada para presente.

Dourada,
alguns sinais
mas é sempre linda
a pele bronzeada

Alta produção:
perfumes, cabelo, maquiagem...
Pode até parecer dar bola
mas fique atento!
Pura molecagem!

Como naquela velha bossa
fique a Observar
Ela é carioca, ela é carioca
Olha jeitinho dela andar...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O trem que chega é o mesmo trem da partida

Até domingo 28/out provavelmente ficarei sem fazer minhas Observações por conta de uma viagem à Cidade Maravilhosa.
Voltarei, não abandone, fique Observando. Observando tudo!
Até já!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Olhar de quem Observa(va)


De soslaio
com sorriso franco.
Dias de Sol
Lentes escuras
Nenhum engano!
Abrirei os óculos
para veres mais!
...
O mundo gira e
(nos) encontramos
entre olhares.
...
Mais dois passos e
sem óculos
(nús) encontramos.

Pesquei na web

Vejam este blog português.
Sujeito provocador, interessante!
Invertido

Lamento!

Pablo Picasso [Femme au miroir] Março, 1932


Invejo,
em mim
não vejo.
Anular sentimento
com o pensamento?
Lamento!

domingo, 21 de outubro de 2007

Prioridades

Prioridades
sempre teremos.
Trabalho
Comida
Amigos
Religião
Trabalho
De novo.
Trabalho
Comida
Amigos
Religião
Trabalho
Tudo com muito amor,
mas o coração em desuso.
Prioridades erradas
e o tempo implacável
na janela, no fim da tarde.
Tudo de novo?

I Feira do Livro de São Luís

Fui à Feira do Livro e fiquei emocionado por ver que o povo Brasileiro é ávido por cultura de qualidade sim!
Impressionou a quantidade de famílias de todas as classes ali presentes.
A estrutura estava muito boa. Banheiro limpo, espaços para descanso, lanchonetes, programação com boas atividades e para todas as idades, espaçosa, bom humor dos que ali trabalhavam e claro, muitos livros.
Só lamento não poder voltar durante a semana por conta de uma viagem que farei, mas se estiveres em São Luís, vá! Mesmo que não compre nada, aliás, os preços não eram o maior atrativo, diga-se de passagem, mas vale o passeio.
Muito bom! Prestigie!

sábado, 20 de outubro de 2007

Gratidão!

Noutro dia recebi um e-mail de um ilustre amigo parabenizando por isso ou aquilo, coisa que ainda acho que não é por aí, que é bem menos, e na resposta ao seu e-mail, caí na gratidão.
Respondendo, me lembrei o porquê do blog, uma vez que falávamos dele.
Ele existe por conta de cada um de vocês. Os citados, os lembrados, os homenageados, todos.
Obrigado pela inspiração e perdoem-me pelos erros e tudo mais.
Gostou? Comente! Se não, também sim (bom isso)! Mas sempre Observe por aqui.
Beijos e abraços!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Passarinho que come pedra, sabe o... o... sabe o "bico" que tem!

Existem pessoas e pessoas. Até aí nada de novo, mas como saber se são válidas de crédito? Dê corda. Umas fazem coisas lindas com uma, outras são capazes de amarar o mais pesado dos navios ao porto, outras utilizam para escalar enormes precipícios, outras se enforcam; coitadas.
Tem custo? Sim, crédito custa, custa para quem dá e não recebe de volta, mas e aí? Piedade e compaixão, é o melhor nestes casos.
Amigo, quem tem medo não vive!
Credite, acredite! O máximo que pode acontecer é o desengano, mas é superável. A sua lamentação é sempre maior que a dor, que o motivo, preste atenção nisso!
Seja sempre gentil, verdadeiro, humilde e simples. O resto é produto natural.
Ah, porque escrevo isso hoje? Nada (quase), apenas mais um entreveiro...
Buda diz que quando falamos é como se apontássemos com a mão e com o dedo indicador em direção à alguém; teremos um dedo apontado à frente e três apontados à nós mesmos. Entendeu agora?

Café Completo!

Não estou afim de entreveiro nenhum meu hoje.
Faço das palavras da célebre Lya Luft para definir o programa do final de semana:


"Na mesa de cada pessoa deveria existir: pão, leite, café e um livro."

(Lya Luft)


Vá à I Feira do Livro de São Luís! (18 a 27 de outubro – Memorial Maria Aragão)

Um excelente programa, barato e recheado de coisas para Observar!

Tira a bunda do sofá, sacode a areia da praia, vista-se de cultura por favor! Pelo menos um dia!

Sintético

Mais direto impossível! Albert Camus sabia ser sintético quando queria:

“Você sabe o que é o encanto? É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada”.
(Albert Camus)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Amo"

Vladimir Vladimirovich Mayakovsky, nascido em 19 Julho de 1893 na Georgia, na cidade de Bagdadi, depois chamada de Mayakovsky em sua homenagem, um Ser barulhento (Adorei esse adjetivo!), inquieto e extremamente politizado deixou como herança para nós mortais alguns textos, poemas e pensamentos divinos.
Vejam como consegue ser doce, delicado e pesado ao mesmo tempo neste trechinho.
Com o tempo postarei e falarei mais deste Ser, tentando fugir do lado político que é o mais conhecido.

AMO

"...
Mais do que é permitido,
mais do que é preciso,
como um delírio de poeta
sobrecarregando o sonho:
a pelota do coração tornou-se enorme,
enorme o amor,
enorme o ódio.
Sob o fardo,
as pernas vão vacilantes.
tu o sabes,
sou bem fornido,
entretanto me arrasto,
apêndice do coração,
vergando as espáduas gigantes.
Encho-me dum leite de versos
e, sem poder transbordar,
encho-me mais e mais
..."
(Vladimir Mayakovsky)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Escapou e foi "Blogado"!

Escapou quase que sem querer, num vacilo meu, numa corrida de dedos no teclado... e está "blogado"!

Às vezes espero ser conjectura
Coisa minha, pura loucura.
Se esfria não há cura.
Numa mente doida
passa tudo.
O que lembro
do que v(ic)ejo,
até mudo
é o que fica.
A lembrança
é só tua.
Minha.

“Os Mirantes de São Luís, leitura do mundo”

Ouço sempre uma reclamação local por falta de eventos culturais na cidade de São Luís.
Pois bem, agora há um excelente evento, Observarei quantos dos que reclamam irão participar!

1ª Feira do Livro de São Luís
18 a 27 de outubro – Memorial Maria Aragão
“Os Mirantes de São Luís, leitura do mundo"

Programação: Seminários, Simpósios, Encontros, Oficinas, Apresentações Culturais e Artísticas

Aproveitem!

http://www.feiradolivro.saoluis.ma.gov.br/

O Auto-Retrato

Recebi estes versos de uma amiga e resolvo compartir com vocês.

A querida Neta, Observadora que ela só, já ebria pelos ares da cidade de Alegrete-RS, berço de um dos ícones da literatura Gaúcha, me enviou O Auto-Retrato de um dos filhos mais ilustres da cidade: Mario Quintana.

Aqui, devidamente Observado!


O AUTO-RETRATO


No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...


às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

(Apontamentos de História Sobrenatural - Mário Quintana)

A densa Sra. Hilst

Minha cabeça, corpo, membros e alma andam meio atordoados, impacientes, por isso não prometo coisas minhas nos próximos dias. A produção está a mil, mas requer revisão, ando encontrado erros primários em postagens antigas. Vergonha.
Ainda assim, uma Observada neste da densa Sra. H. Hilst, que vale quanto pesa!

"O Tempo e sua fome.
Volúpia e Esquecimento
Sobre os arcos da vida.
Rigor sobre o nosso momento.

O Tempo e sua mandíbula.
Musgo e furor
Sobre os nossos altares.
Um dia, geometrias de luz.
Mais dia nada somos.

Tempo e humildade.
Nossos nomes. Carne.
Devora-me, meu ódio-amor,
Sob o clarão das despedidas.

Desgarrada de ti
Sou a sombra da Amada.
Das madeiras da casa
Farei barcas côncavas

E tingirei de negro
Os lençóis de fogo
Onde nos deitávamos

Velas
Bandeira para minhas barcas.

E de dureza e arrojo
Hei de chegar a um porto
De pedras frias.

Memória e fidelidade
Meu corpo-barca
Esmago contra as escarpas.

De luto e choros um dia
Verei tua boca beijando as águas
Teu corpo-barca. Minha trilha."

(Hilda Hilst)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Observando Leminski

Existem textos que tem face. Você lê e automáticamente remete a alguém.
Este me lembra um Ser iluminado que vive em busca do seu Eu diáriamente!
É para você ilustre amigo!


"Disfarça, tem gente olhando.
uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando
olhando ou sendo olhado
Outros olham pra baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada."


(Paulo Leminski)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Bom apetite!

A cada dia perdemos mais algum costume e gentileza de tempos passados culpando o mundo moderno, a falta de tempo disponível e outras desculpas, mas na verdade isso ocorre por não querermos mais aprender algumas coisas que parecem ser tradicionais por puro pré-julgamento, e estas podem ser itens disponíveis para o conhecimento do outro e composição de uma relação.
Note que a algum tempo atrás, as pessoas eram educadas para sentar-se à mesa. Evidente que com a variante de sua situação social, mas com noções no mínimo básicas e uma cobrança muito rígida.
Hoje é um tanto triste. As pessoas, e quando digo desta forma, digo pela média, esqueceram ou nunca tiveram contato com a possibilidade de conhecer o outro durante atos simples e igualmente nobres como uma refeição.
Veja a situação:
Ela, linda. Um vestido sem igual, divinamente penteada e maquiada. Perfumadíssima. Ele tão elegante quanto. Destino? Um jantar.
Com direito a todas honras e pompas, sentam-se frente a frente. E aí começa o espetáculo. Uma verdadeira dança do acasalamento!
A forma delicada como ela pega no guardanapo e deita no colo já chama atenção.
Champagne aberta. Um brinde! Sorriso largo, intenso...
Risadas. Mais champagne.
Logo chega a entrada. A forma como ela que apanha o garfo com a mão esquerda e lentamente leva até o prato, apanha a comida e leva à boca, parece que foi ensaiado, tamanha delicadeza e espontaneidade.
Entre uma garfada e outra, conversa, mais risos. Suavemente, limpa a boca e toma um gole d'água.
Não vou narrar o jantar inteiro nem me deter no significado de cada gesto pois não saberia, sou um apreciador e sem pretensão de ser um estudioso no assunto, mas definitivamente pode ser excitante, percebe?
Pronto. Agora imagine a mesma pessoa numa roupa casual, sem muita maquiagem, lanchando um Mc. Donald numa praça de alimentação de um Shopping lotado, comendo e falando, além de atender ao celular e acenar para uma amiga em um ponto distante, tudo isso ao mesmo tempo e debruçada sobre a bandeja de plástico reciclado que é comum nestes locais.
Esse exemplo não anula a possibilidade de ser elegante comendo um Mc. Donald! Alto lá! Também não quero afirmar que somente num jantar com certa dose de solenidade há o charme, provocação, delicadeza e outras tantas sensações despertas, não é isso, apenas peguei dois extremos para ilustração!
Não é o caso de etiqueta ao extremo, mas se cada um fizesse o que sabe, o que lhe foi ensinado quando criança, sem forçar, ficaria melhor para todos ou pelo menos mais bonito!
A forma com que arruma o cabelo, como se senta, como mastiga, como se porta, pode mudar completamente a opinião do outro, pois expõe a pessoa numa situação de análise muito íntima. É como um cartão de visita, onde ao invés do seu telefone e e-mail ele expõe o tipo de criação e a sua preocupação para coisas sensíveis e delicadas, e que muitos teimam em sintetizar por Educação.
Com o homem acontece exatamente o mesmo. A mulher está de olho em você amigo, e cuidado, pois ela tem olhos de Línce!
Experimente, tente ser um pouco mais cortês e veja o resultado! Não é frescura, tente!
Perceba, não chama sua atenção quando o outro consegue "montar" uma situação envolvente? E o que você faz normalmente no dia-a-dia para ser envolvente também? Como você se apresenta por aí?
Cuidado com seu cartão de visitas, e observe bem, todos estão sempre te Observando!
Ah, e claro, bom apetite!

domingo, 14 de outubro de 2007

Aurora

Despercebida diariamente
Mágica até no nome:
AURORA
De cor lilás,
e laranja passando pelo azul
Todo dia
Um espetáculo novo perdido
Tem cheiro fresco
Brisa
Friozinho...
Vendo assim
a insônia tem mais sentido!

sábado, 13 de outubro de 2007

Sempre um tanto metafórico...

Ah se eu pudesse, se eu conseguisse dizer tudo de forma clara.
Parar com as metáforas e tirar o véu que cobre o emaranhado do meu ser.
Às vezes achas que não foi para ti. Mas foi. Foi sim... Sempre foi e eu só queria que sempre fosse, mas esse pedido eu não posso fazer. Só sei que também não consigo fugir.
Há de ser natural; naturalmente vivo.
Feeling Princesa do Lago Lindo! Feeling!
E o resto que se foda!


EU MATO QUEM PEGOU MEU GARDENAAAAL!!!

Lago fundo; Lago raso

Aquele lago que me estatelei (novamente), parecia fundo.
A margem muito bem ornada, o tamanho, deixou-me cego. A falta de capacete foi imprudência, eu sei, mas eu via muito mais que um simples mergulho.
O que via da margem, o anjo que me chamava, gesticulava e fazia caras e bocas, era somente um reflexo. Reflexo meu, do meu corpo, da minha alma, muito distorcido pelas ondulações na lâmina d'água com o Sol da manhã.

Bons são meus abacaxis

O pai de um nobre amigo, durante algum tempo plantou abacaxis; os melhores e maiores que já comi! A plantação não era o foco principal da produção de todas terras que detêm, mas cuidava com o mesmo esmero das demais colheitas.
Um dia, conversávamos sobre gente, seres-humanos, e a dificuldade na lide diária, no manejo, como se diz no campo.
Com a sobriedade ímpar que lhe é peculiar, quase num tom de desabafo nos brindou com essa:
- Bicho-gente é muito difícil, bons são meus abacaxis! Basta plantar na época certa, aplicar uma única dose de agrotóxico, água um dia sim, dois dias não, sol em abundância, tempo para crescer e pronto. Serão divinamente suculentos e doces. Gente exige manejo diário, e esse manejo muda todo dia, não há uma rotina pré-estabelecida, conhecida, e cobra resultados muito maiores por isso que os meus abacaxis.
Sabe que em certo aspecto ele está certo? Abacaxis são tão bons... E se tiveres a falta de sorte de pegar algum ácido demais, coloque açúcar, faça um suco ou quem sabe uma compota.
Excelentes abacaxis! Melhores e ainda mais doces quando se têm alguém para dividi-los!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Mudo silencio

Silencio.
Emudeço porque quero.
Só quero achar o verbo
Doce, sim,
à ti sempre doce,
não ousaria ser diferente.
Mudo por receio.
Só saiba que quero,
indiferente à todo silêncio
Desejando nosso silêncio.
Todo meu sentimento,
coisa silenciosa,
era meu.
Já não me pertence,
não comando.
Psss...
Não faça barulho nenhum.
Me olhe.
Leia nos meus olhos o não dito
e acredite,
credite:
Quero toda.
Verbalizar tudo.
Não em versos banais
que não cabem.
Quero verbo que permita
que caiba e que dê vazão.
Alguma sugestão?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Poema Enjoadinho

Noutro dia conversava sobre o plano que todos (ou quase todos) têm em ter filhos, e mais tarde, pelas minhas caminhadas na web soube que uma amiga de juventude, hoje um tanto distante, está grávida. A lembrança deste poema ao vê-la grávida foi automática.
Depois que passa o tempo, depois que temos certas experiências, a ótica muda. Sempre achei este poema engraçadinho, bem torneado, delicado. Mas na verdade é muito mais que isso, é puro e verdadeiro.
Parabéns aos (futuros) papais e mamães, e se você está na dúvida, aprecie o poema com a prudência e delicadeza que a causa merece.

Poema enjoadinho

Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?
Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

(Vinicius de Morais)

A Lady

Numa empresa, trabalhei com um rapaz que era homossexual assumido. Bem resolvido, no alto dos seus quarenta e tantos anos, dizia gostar de homem, mas que não suportava homem que tem necessidade de ser como mulher, que quer falar como mulher, que quer negar a condição masculina própria. Muito discreto, passaria por heterossexual em qualquer ambiente.
Num determinado dia chegou uns vinte minutos além do de costume. Visualmente irritado, começou a trabalhar de forma mais enérgica, rápida, como se quisesse colocar o trabalho em dia.
Passado alguns instantes, gentilmente ofereci uma caneca de café.
Ele aceitou e senti que poderia puxar assunto.
- O que há contigo, estás nervoso com alguma coisa? Algo que posso ajudar? - Tentei.
- Não, não - disse ele - na verdade só estou bravo com uma situação que aconteceu agora cedo.
- Ontem, - continuou - conheci um cara, simpático, bonitão. Bebemos, dançamos e resolvemos ir para um Motel. Foi muito bacana, mas o terror aconteceu de manhã.
- Imagine, acordei na hora exata, se eu não fizesse nada errado, chegaria no horário. Corri, mas a "lady" que estava comigo...
- Você não acredita, - já num tom mais bravo e gesticulando muito - ele conseguiu me atrasar. Não queria acordar de jeito nenhum! E no banho? Ah, não tenho palavras para te descrever! Acho que em determinado momento fui um tanto agressivo e ele não entendeu.
- Veio com uma conversinha mole, do tipo: Poxa fulano, ontem você estava tão carinhoso, foi estupendo e agora age assim, de maneira fria. E o que me disse no meu ouvido? Pensa que eu esqueci? No furor da cama você até disse que me amava!
- Aí não prestou mais, eu já estava pronto, mas a bichinha ainda se arrumava e argumentava.
- Olhei fixamente nos seus olhos e disparei: Rapaz, você tem quantos anos mesmo?
- E com 27 anos você ainda acredita em homem bêbado? Ah, se manca, vamos logo que estou atrasado!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Tô só

Alguns já sabem da minha predileção por Hilda Hilst. Mulher densa, profunda, inteligente (gosto disso), ao mesmo tempo doce demais, apaixonada... uma loucura, uma poeta!

Como cronista, ela escreveu durante um tempo para o Correio Popular, o maior jornal da região de Campinas. Vejam essa publicada em sua coluna. Com o tempo colocarei outras cositas dela.



"Tô só


Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô? Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando? Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê? E há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes? E que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás? E que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu? E que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no Planeta? Vamo brincá
de teta
de azul
de berimbau
de doutora em letras?
E de luar? Que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar...
Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?
Vamo brincá de ninho? E de poesia de amor?
nave
ave
moinho
e tudo mais serei
para que seja leve meu passo
em vosso caminho.
Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? Bom-dia, leitor. Tô brincando de ilha."

Saudades

Vazio
Oco
Como ousas
Ir e levar tudo?
Saudade foi o que deixaste.
Sim, saudades!
O tempo não existe,
é invenção tua!

Rouborizou a face, mas devidamente Observado!

Estes carinhosos versos foram escritos pelo Mestre Manoel Nery, e a vaidade não coube em mim, transbordou. Apresento-os para serem devidamente Observados. E por falar em Observar, já observaste o Blog dele? E o arquivo? Então saia imediatamente daqui e vá lá primeiro! Aqui é só um apanhado, um entreveiro maluco, lá têm conhecimento!
Obrigado Mestre! Dizes que o ajudo de alguma forma a carregar o piano, só tenho a dizer que sou fraquinho, mas a intenção é a melhor!

Rodrigo,
Gosto de poesia.
Que alegria!
Faz referências a mim
Que eu não sabia.
Mas é assim o destino.
Quando menos se pensa,
Um pente fino
Nos chama à razão do próprio ser.
Como acontece com Rodrigo:
De assim viver,
Logo mais lhe desperta a poesia
É o que digo.
Nas asas de Ferreira Gular,
Mestre da virilidade poética.
Mas Rodrigo tem o modo dos modernistas:
Quebra o tom por uma galhofa.
Sutil, fina
Que deixa transparecer
Alma menina,
Uma luz acesa, um clarão
É Rodrigo em ação,
Por exprimir a voz do coração.

Minha humilde resposta ao Mestre:

Mestre,
não mereço,
mas agradeço,
envaideço,
ruboriza-me a face,
mas se é o Mestre quem diz,
calo, como sempre fiz.
Seu eterno aprendiz.

Pescado pesado, denso!

Olhem a densidade do texto Lascívia pescado do Blog Sol Noturno, aqui por ele(a) mesmo(a).
Comentarei noutra hora.
Boa Leitura!



"Lascívia

Era muito vago em sua mente a primeira vez que Fada o viu, recordou-se deste dia por palavras vindas dele mesmo. Ela não tinha certeza se havia sido daquela forma. Philotes estava presente. Confirmara. Mas, para Fada fora um dia esquecido em tantos outros.
Lembra-se da primeira vez que ouviu sua voz... um forte desejo soou em seu corpo. Teve vontade de devorá-lo. Fada o observou. Era lascívio.
O olhar de Erebos¹ penetrava suas entranhas. Imaginava como seria ser possuída por ele: fúria lascívia de satisfação do desejo e Fada excitava-se com esses pensamentos libidinosos, enquanto o observava seu desejo aumentava, ela queria entregar-se àquele ser sombrio que causava tantas sensações luxuriosas.
Fada se retraía, algo nele a temia, ela não sabia distinguir o que era, e ao mesmo tempo que queria que ele a consumisse, ela o queria distante, que nunca a tocasse.
Não entendia, ora a face sombria de Erebos a repelia, com seu jeito de parar e ficar sozinho no meio da multidão, seu silêncio sepulcral e ora a atraía, pois curiosa ela devoraria sua mente, degustaria suas idéias, consumiriam-se em seus olhares. Ele a temia.
A antítese dos desejos os distanciava, não era tempo de aproximações, era muito escuro ao lado de Erebos e Fada precisava de luz, de certezas e ele, ainda, não permitia que elas resplandecessem em todo seu corpo, a não ser quando entregava-se a lânguidos desejos noturnos ou quando as notas musicais o invadiam.
Mas, em certas noites de lua cheia em que as incertezas desaparecem e o rosto de Erebos ilumina-se, sem pensar em seus temores, se entregam, se consomem, se devoram, se permitem, gozam e acabam por descobrir que ela odeia bolos e ele adora biscoitos. Ele é a própria utopia, ela a certeza (de que nada é como gostaríamos). Eram livres. Combinavam nisso... e no atrito da cama.
Eles se temiam."

(1) Segundo a teogonia, Erebus, Érebos ou Érebo era a personificação da escuridão superior que se encontrava pouco mais funda que o manto da noite eterna de Nix. É irmão de Nix e filho de Caos. Desposou a irmã e com ela gerou o casal de gêmeos Éter e Hemera.
Erebus possuía seu reino nas trevas mais profundas de todo o Universo, como o primeiro filho de Caos nascido é o que mais próximo ficava de seu criador assim sendo as puras Trevas.
Conta-se que os
titãs pediram socorro a Érebo, mas Zeus o lançou junto com eles no inferno. Desse modo ele tornou-se a noite eterna do mundo dos mortos.
Na medida em que o pensamento mítico dos gregos se desenvolveu, Érebo deu seu nome a uma região do
Hades por onde os mortos tinham de passar imediatamente depois da morte, para entrar no Hades. Após Caronte tê-los feito atravessar o rio Aqueronte, entravam no Tártaro, o submundo propriamente dito.
Diz que quando Erebus despertasse de seu aprisionamento ele seria o primeiro dos Sete Primordiais que levaria o despertar a todos os outros, podendo assim novamente erguer seu reino que Tártaros, Nix, Urano e Caos o ajudaram a erguer em tempos mitológicos.
Tal como o nome do rei subterrâneo, Hades, o nome Érebo passou a designar também o seu reino.
Erebus era também, frequentemente usado como
sinônimo de Hades.

domingo, 7 de outubro de 2007

Lua Nova

Amanhã Lua nova.
Sem brilho,
Sem luz noturna por perto
mas com muita energia.
Teus olhos, Lua
coração, Sol
com brilho longe
Aqui é escuro demais
Não têm presença.
Tem energia.
Demais também.
Sinto perto,
Até o perfume...
A presença não é física
Não há toque,
mas sinto a tua pele.
E isso não é física?
Um anjo
E sendo,
me ouves sempre?
Então,
atenda-me por favor!


Agora, pára e pensa comigo: Amanhã a Lua estará alinhada com o Sol se visto da Terra, concorda? A ordem será: Terra - Lua - Sol. Se tanto o Sol quanto a Lua emi(tem) energia, imagine como será o dia! A energia do Sol, a estrela mais próxima da Terra, da qual sofremos influências diretas, e a Lua, o nosso único satélite natural que nos afeta diretamente também!
Enjoy it!

sábado, 6 de outubro de 2007

Ouço
Verbo
Perto
Vibro
Quero
Tenho
Não,
não tenho
Sempre
Quase
Oco
Tendo
Meu
Teu
Tudo
Liberdade:
Não é mais minha.
Funde
Deixo
Fundo
Não eu.
Tu.
Nós.
Ai que maravilha!
Haja coração,
pensamento!

QUEM ROUBOU MEU GARDENAAAAALLLL?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Pssss... Silêncio! O comentário prometido!

Há poucos dias, numa das minhas andanças pela web achei e pincei um poemeto do Paulo Leminski; uma pérola!
Parecia-me barulhento demais esse Mineiro no tal texto... e provocativo como gosto de ser, encaminhei para um dos seres mais silenciosos que conheço.
Engano, ledo engano e distração minha, para não falar da falha na interpretação...
Mais uma vez, rendo-me ao Mestre Manoel Nery (Você tem que ir ao blog dele! É muito bom, já te falei!).

Novamente observe atentamente o texto:

"Deus queria falar comigo
Não Lhe dei ouvidos
Quem sou eu prá falar com Deus?
Ele que cuide de seus assuntos
Que eu cuido dos meus!"

Agora, observe a interpretação deste Ser silencioso que é o Manoel:

"O texto é paradoxal porque se apresenta pelo lado “barulhento”, mas o autor, embora se imagine escondido, não consegue reter sua sensibilidade.
Leminsk está dando ênfase ao silêncio: quando afirma que não deu ouvidos a Deus, está preservando sua audição; quer silêncio, nada de barulho.
Depois querer o silêncio, agora ele se interioriza com humildade: “quem sou eu pra falar com Deus”? Se Deus o tivesse escolhido, era encarar; não havia o que rejeitar.
Leminsk sabe que os “assuntos” de Deus são os homens; os homens em sua interioridade.
Perceba-se que o autor nivela a palavra “assuntos”, tanto os de Deus, como os “meus”, os dele.
Os assuntos de Deus são os homens, o Leminsk é homem; os assuntos de Leminsk são os assuntos de Deus.
Dessa coincidência no trato de assuntos, resulta que os dois vão se encontrar porque estão voltados para um objetivo comum.
O lugar de encontro só pode ser no coração."

Amigos, depois dessa, reservo-me o direito de permanecer em silêncio. Eu hein?!

Rumm siô!

Numa praia do imenso e lindo litoral Brasileiro, três amigos bebericavam uma cerveja gelada devidamente acompanhada de Pititinga¹ frita.
Os três falavam sobre os mais diversos assuntos entre goles, petiscos e baforadas de cigarro.
Eis que apareceu uma criança, se é que se pode chamá-la assim. Não aparentava ter mais de 10 ou 11 anos. Magra, esquálida, já com as marcas da vida dura no rosto, ainda que a vida seja tão nova para ela ainda. Se aproximou e com um sorriso moleque pediu ao que fumava:
- Ei moço. Me dá um cigarro?
Um susto. O trio que ali bebia era do tipo que podemos classificar como "vivido", mas não estavam preparados para uma abordagem dessas. Um deles ainda tentou argumentar, mas sem conseguir esconder a surpresa do pedido:
- Mas menina, com a tua idade, já fumas?
Ela com um sorriso enorme no rosto que, apesar da falta de alguns dentes pela troca natural da idade, não era mais um sorriso de menina, era de gente mais velha, maliciosa, exclamou:
- Rumm siô! Se inté fodo!
Atônitos, deram o cigarro. Ela acendeu e saiu pulando e pitando, feliz da vida pelas ruas da cidadezinha.
Os amigos? Pagaram a conta e foram embora. Não tinham mais o que ver naquele dia; o papo azedou, a praia havia ficado sem graça, a cerveja quente e a Pititinga¹ fria...

Não ouse rir, ou pelo menos contenha-se, é um problema social sério!

(1) Pititinga é uma espécie de Piaba, um peixinho que mede uns 5cm e prepara-se sem nenhum cuidado excepcional, pelo tamanho não pode ser limpo, ou consertado como dizem naquela praia narrada, é frito após ser temperado com sal, alho, azeite e limão. Uma delícia regional!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O filho Ilustre de Dª Zizi

José de Ribamar Ferreira. Maranhense, Ludovicense, filho de Dª. Zizi (Alzira Ribeiro Goulart e do comerciante Newton Ferreira), ela, vaidosa demais, falecida recentemente, que é mãe de Alzira (sim o mesmo nome da mãe) e de mais 10, 11 no total. Alzira, a filha, teve dois filhos e uma filha. Mas como a família é enorme, não vou me alongar. Na casa da família é chamado carinhosamente por Tio José. Estreou na poesia em 1949, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951 onde começou como jornalista e daí não parou mais. Foi exilado político e vivendo em Moscou, Santiago, Lima ou Buenos Aires não parou de trabalhar. Na opinião de alguns críticos é atualmente uma das vozes mais expressivas da poesia brasileira. A linguagem que utiliza vai além do horizonte das palavras, pois o poeta é também crítico de arte e pinta quadros, faz desenhos e colagens. É o que ele chama de seu "lado B".
Mas você deve conhecê-lo mesmo por FERREIRA GULLAR.



Cantiga para não morrer


Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

De Dentro da Noite Veloz (1962-1975)
Deleite-se com o site oficial do poeta multimídia.