quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O velho que nunca amou

Contam que o elevado e santo Bajezid Bistami encontrava-se falando a uma grande e atenta platéia. Todos os presentes, velhos ou jovens, estavam fascinados com suas palavras. No auge deste encantamento, quando seu discurso enlevava a todos, entrou um fumador de ópio, e com a fala algo arrastada disse:
- Mestre, meu burro se perdeu. Ajuda-me a encontrá-lo.
- Paciência, meu filho, eu vou achá-lo - disse-lhe Bajezid Bistami, continuando seu sermão.
Após algum tempo, enquanto ainda discursava, perguntou aos presentes:
- Existe alguém entre nós que nunca amou?
- Eu - disse um velho levantando-se - eu nunca amei ninguém, desde minha mais remota juventude. Nunca o fogo da paixão consumiu minha alma. Para que não turvasse minha mente, nunca deixei o amor ocupar meu coração.
O venerando Bajezid Bistami voltou-se então para o fumador de ópio que pouco antes o havia interrompido e lhe disse:
- Vê, meu filho, acabo de achar teu burro! Pega-o e leva-o daqui.

Extraído de:Türkische Märchen, Eugen Diederichs Verlag, Jena, 1925
Traduzido do Alemão por Sergio C. Bello

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Poesia Sufi. Passa lá, tem muita coisa boa!

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