sábado, 24 de novembro de 2007

Parabéns!!!

Eu sou um novato nesse negócio de blogue e a cada dia me surpreendo nesse mundo!
Essa Observação é para parabenizar o meu amigo e Mestre Manoel Nery que na última quinta-feira fez dois anos de blogador (Não suporto a palavra blogger).
Manoelzinho é uma figura ímpar. Deixa seus claros pensamentos em seu blogue sem querer aplausos nem esmola alguma. E ele é assim no seu dia a dia, o blogue dele é ele!
Êta ser iluminado, arretado demais!
Parabéns mais uma vez querido, continue sempre assim, discreto, simples, humano, pensante e, claro, blogando!

Eu não acredito que você ainda não visitou o blogue dele! Passe lá e tome um banho de espiritualidade!

Ditados para lembrar...

É só para eu não me esquecer.
Se servir para você, use!

"Cesteiro que faz um cesto, faz um cento."

" O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Na área! Observando sempre!

Salve amigos!
Alguns andam a me perguntar o porquê do sumiço.
Na verdade não há sumiço, mas como bom observador, algumas vezes tenho que parar para me observar, e aí exige uma certa dose de paciência e silêncio...
Mas não desisti, nem sou do tipo que desiste assim. Se fosse para terminar colocaria um ponto final de maneira clara. Apenas fiz uma vírgula, afinal, estou sempre aprendendo que
"Existem mais segredos entre a língua e o céu, que o vão dos dentes podem imaginar!"

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ernesto Varela - Grande Repórter

Contrapondo a brincadeirinha abaixo, você se lebra do Ernesto Varela?
Ah, que saudades desse intrépido, provocativo e sério reporter!!!
No início da década de 80, ele fazia as perguntas que todo Brasileiro pensante tinha vontade de fazer a algumas pessoas da "mídia".
Na barra ao lado tem o link para o Blog do Marcelo Taz, mas o saite está muito melhor. Visite-o! Você vai relembrar de alguns personagens desta grande figura, dentre eles o Ernesto Varela e o Valdeci, seu Câmera!
Deu saudade? Não sabe quem é, mas ficou curioso? Veja os vídeos:




Brincadeira de péssimo gosto...


Estão brincando com coisa séria: A minha paciência!
Sou Brasileiro, mas não mereço "tanto"!

sábado, 10 de novembro de 2007

Cultura em nuvens musicais

Vou ali para um Entreveiro numa nuvem de notas musicais! Amanhã, ou quem sabe na volta te relato as Observações que fiz.
Onde?
Ah, um show de Yamandú Costa, grande e jovem violonista da atualidade brasileira!
Ainda tem tempo, é as 21h no memorial de Maria Aragão, sim, em São Luís.
Eu sei que está em cima da hora, mas só soube agora... Perdoe-me!
Apareça (se puderes) e Observe também!

Parados enquanto a (nossa) banda passa

Não pense que perdi,
que perdeste.
Perdemos.
Dois
em um.
Foste.
Fui.
Não!
Antes tivesse sido.
Ficamos parados
Soluçando amor e permanência.
E não nos vimos passar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Quem tem, tem medo!

Na faca ninguém brinca
Extrai.
Finca.
Medo todos têm.
Se intervêm,
que ao menos
seja pelo bem!

Boa sorte "Amiga Febril"!
Torço por ti e tenho certeza dará tudo certo!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O velho que nunca amou

Contam que o elevado e santo Bajezid Bistami encontrava-se falando a uma grande e atenta platéia. Todos os presentes, velhos ou jovens, estavam fascinados com suas palavras. No auge deste encantamento, quando seu discurso enlevava a todos, entrou um fumador de ópio, e com a fala algo arrastada disse:
- Mestre, meu burro se perdeu. Ajuda-me a encontrá-lo.
- Paciência, meu filho, eu vou achá-lo - disse-lhe Bajezid Bistami, continuando seu sermão.
Após algum tempo, enquanto ainda discursava, perguntou aos presentes:
- Existe alguém entre nós que nunca amou?
- Eu - disse um velho levantando-se - eu nunca amei ninguém, desde minha mais remota juventude. Nunca o fogo da paixão consumiu minha alma. Para que não turvasse minha mente, nunca deixei o amor ocupar meu coração.
O venerando Bajezid Bistami voltou-se então para o fumador de ópio que pouco antes o havia interrompido e lhe disse:
- Vê, meu filho, acabo de achar teu burro! Pega-o e leva-o daqui.

Extraído de:Türkische Märchen, Eugen Diederichs Verlag, Jena, 1925
Traduzido do Alemão por Sergio C. Bello

Gostou? É um extrato na íntegra do site
Poesia Sufi. Passa lá, tem muita coisa boa!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sempre Princesa...

Não diga se certo ou errado
aprender lutando tem sua valia,
sempre haverá a magia.
Já quem morre Princesa
não sente, nem imagina
a dureza dos dias
por não ter sido A Rainha.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Autoria Negada - Saudade

Existem diversos textos e poemas de autoria negada pelo mundo. A prática é bem mais antiga que a invenção da web e do computador, mas com o advento destes, se multiplicaram os textos. Vem desde a troca de cartas (Aliás, a quanto tempo não escrevo, nem recebo uma carta...).
A algum tempo recebi ou li, agora não me recordo bem, um poema intitulado Saudades.
Versos bonitinhos, redondinhos, simples e tocantes, puramente doces.
O que me intrigava era o autor. Pablo Neruda.
Não cabia quanto a forma da escrita, aquela doçura sem igual, e o lógico: a palavra Saudades utilizada repetidas vezes que em castellano ficaria bem difícil.
Desmascarado o caso, apresento abaixo o poema e o autor. Para mim é o fim de uma busca. Caso encerrado.

SAUDADE

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por
quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

Este poema não é de Pablo Neruda. É fala do personagem poeta Afonso Henriques, da novela Fera Ferida, de Aguinaldo Silva.
Pobre Neruda, vendido por uma novela global... Nestas horas deve estar de bruços em sua alcova. Não acreditas? Lembre-se que ele era um idealista, socialista em sua essência!

Élle

Na letra de ângulo quadrado
reto
Uma única curva.
Pura adimiração.
Melhor seria se muitas delas
perto.

Devaneios entre olhares
Agora de óculos abertos
Repleto de boas maldades

Se o gringo não vê
(Melhor ainda!)
Coisa nossa.
Linda!
Não te ouve,
é surdo e barulhento
Nunca alcançará a nossa bossa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Neftalí Ricardo Reyes Basoalto

Neftalí Ricardo Reyes Basoalto nasceu em 12 de Julho de 1904, filho de operário ferroviário e professora primária, morta após um mês de vida dele. Aos 13 anos ganhou o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule (uma pequena cidade Chilena) com o poema Noturno Ideal. Estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile onde obteve em 1923 o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", em 1924, com então 20 anos, publica o livro "Veinte poemas de Amor y una canción desesperada". Foi cônsul Chileno em Yangon (capital da antiga Birmânia e atual Myanmar), na Espanha e no México. Em 1945 eleito Senador, obtém também o Prêmio Nacional de Literatura no Chile. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha em 1965. Durante as eleições de 1970, abriu mão de sua candidatura à Allende para que este vencesse as eleições, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa que, a seu ver, poderia ocorrer com o socialismo. Recebeu em 1971 o Prêmio Nobel de Literatura. Morreu em 23 de setembro de 1973 em Santiago de câncer na próstata.
O mundo o conheceu mesmo por Pablo Neruda, e a seguir um poema maravilhoso que pode ser Observado, lido e e re-lido. Desfrute-lo!


Veinte poemas de amor y una canción desesperada - Poema XVII

"Pensando, enredando sombras en la profunda soledad.
Tú también estás lejos, ah más lejos que nadie.
Pensando, soltando pájaros, desvaneciendo imágenes,
enterrando lámparas.
Campanario de brumas, qué lejos, allá arriba !
Ahogando lamentos, moliendo esperanzas sombrías,
molinero taciturno,
se te viene de bruces la noche, lejos de la ciudad.

Tu presencia es ajena, extraña a mí como una cosa.
Pienso, camino largamente, mi vida antes de ti.
Mi vida antes de nadie, mi áspera vida.
El grito frente al mar, entre las piedras,
corriendo libre, loco, en el vaho del mar.
La furia triste, el grito, la soledad del mar.
Desbocado, violento, estirado hacia el cielo.

Tú, mujer, qué eras allí, qué raya, qué varilla
de ese abanico inmenso ? Estabas lejos como ahora.
Incendio en el bosque ! Arde en cruces azules.
Arde, arde, llamea, chispea en árboles de luz.
Se derrumba, crepita. Incendio. Incendio.
Y mi alma baila herida de virutas de fuego.
Quién llama? Qué silencio poblado de ecos?
Hora de la nostalgia, hora de la alegría, hora de la soledad,
hora mía entre todas!

Bocina en que el viento pasa cantando.
Tanta pasión de llanto anudada a mi cuerpo.
Sacudida de todas las raíces,
asalto de todas las olas !
Rodaba, alegre, triste, interminable, mi alma.

Pensando, enterrando lámparas en la profunda soledad.
Quién eres tú, quién eres?"

domingo, 4 de novembro de 2007

Comentário - Pensadura - O Mestre e seu Discípulo

Vejam o que diz o Mestre Manoel Nery num correio eletrônico acerca da Observação que fiz no dia 01 de novembro (Pensadura - O Mestre e seu discípulo) e a outra moral da estória, repleta de espiritualidade:

"Aquela do pássaro congelado é muito boa; o pássaro ia morrer no âmbito da terra; o discípulo o preparou para as alturas, para um plano superior, conduzido por uma águia; essa é também a função dos homens: preparar outros que voem como pássaros a outros planos, conduzidos pela própria alma."

Grande Manoel! Como podes dizer que tens débito comigo? Aff...

O Inferno e o Céu coletivos

Eu estou cheio de idéias, mas sem paciência para colocar no papel como merecem. Farei, prometo, mas não hoje!
Para não deixar de atualizar e contribuir com um cadinho de cultura, segue esse lindo texto extraído na íntegra (O que aliás, tem se tornado uma constante neste blog!) do blog da Associação Gnóstica. Muito bom! Visite-o, vale cada clique!

"Mestre e discípulo foram até uma região onde havia fartura de arroz mas os habitantes daquele lugar possuíam talas em seus braços, o que os impedia de levarem o alimento à própria boca. No meio daquela fartura, passavam fome e eram fracos e subnutridos!
- Veja! - Disse o Mestre - Isto, é o inferno coletivo.
Em seguida, o Mestre guiou o Discípulo para uma região próxima e mostrou que nela também havia fartura de arroz e as pessoas também tinham os braços atados a talas mas eram saudáveis e bem nutridas pois uma levava o arroz à boca do outro, em um processo de interdependência e cooperação mútua.
- E isto é o Céu coletivo."

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Ditado Ditoso

Quando um não quer,
não se mete a colher.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Pensadura - O Mestre e seu discípulo

Tem uma estória que um grande amigo me contou um dia e faço uso sempre que acho necessária, contando sempre para os outros que se encaixam no contexto. Afinal, para que servem as estórias, se não contá-las?

Dizia que havia num país asiático, no alto de um punhado de montanhas um monge e seu discípulo.
Os dois meditavam num espaço aberto apesar do frio intenso em busca do auto-conhecimento, entendimento do ecossistema e das forças da natureza sobre nós, quando de repente caiu do céu um pássaro congelado.
O discípulo atônito, não conseguiu concentrar-se mais e correu para junto do pássaro. Com seu coração puro, cheio de compaixão, clamou ao Mestre uma explicação para a natureza ser tão cruel e o que fazer com o congelado e indefeso animalzinho.
Neste exato momento, a vaca que pastava a poucos passos defecou uma enorme quantidade daquilo que amanhã viria tornar-se esterco.
O Mestre sem pestanejar mandou o discípulo colocar o pássaro sobre as fezes da vaca.
Relutante, mas confiante em seu mestre, o discípulo acomodou o animal como se fosse aquilo uma cama confortável.
Ainda sobre as ordens do seu Mestre, mas sem muita concentração voltaram ao Mantra e Tantra que haviam parado.
Após alguns instantes o pássaro que quase jazia congelado voltou a piar.
- Piiiu, piiiiiiu, piiiiiiiiu, piu-piu-piu. Piiiiiiiiiiiiiu. A cada piado, o pássaro aumentava o volume e o tom se tornava ainda mais agudo.
O discípulo ficou confortado, realmente feliz por ter salvado o pobre e refletia em seu Mestre a luz que o imaginava ter.
Quando menos esperavam, uma águia (ou gavião, como queira), deu um mergulho rápido e "vlap". Levou-o em suas garras.
Do pássaro somente algumas penas agora caiam do céu.
O discípulo desta vez completamente transfigurado, com um peso de culpa enorme, que inclusive fazia questão de dividir com o Mestre pediu uma justa explicação, afinal por conta deles o pássaro que estava quase morto estava agora sendo destraçalhado pelo bico afiado da ave faminta, sentindo a sensação da morte dura e difícil mais uma vez e o que fazia com que ele, o discípulo, sentisse em suas entranhas cada bicada dada e imaginada, além do frio cortante.
O Mestre olhou-o com sobriedade e muito sereno disparou:
- É simples querido discípulo: Nem todos que te põe na merda querem teu mal. Assim como nem todos que te tiram dela querem teu bem. Mas o mais importante de tudo isso e a lição mais clara desta cena trágica: quando estiveres na merda fique de bico fechado, não dê nenhum piu.

Lou Andreas-Salomé e Montaigne

"Ouse, ouse... ouse tudo!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!"

Lou Andreas-Salomé (1861-1937) foi uma bela mulher que escandalizou a sociedade e quebrou regras morais. Teve vários amantes. Conheceu Freud, Jung, Nietzsche, entre outros grandes homens.Mulher engajada e sensível, tinha mito de sedutora.

Porque postei isso? Ah, é aquela velha máxima de Buda (dos dedos) que já Observei aqui...
Já esse outro aqui abaixo é para você! Sim você! Você sabe que é!

"Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva. Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além. O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais."

Montaigne, filósofo francês, escreveu este texto no ano de 1580 sobre os índios brasileiros.Michel Eyquem de Montaigne viveu entre 1533 e 1592 na França e era um pessimista em relação a sociedade da sua época.

49º Jabuti - Deu até na Folha (!), tá "blogado"!

Amigos, acabou de "dar" na Folha de São Paulo on line, tenho que "blogar"!

Gullar ganha o Prêmio Jabuti pelo livro de crônicas "Resmungos"

por MARCOS STRECKER da Folha de S.Paulo


Resmungos", do poeta Ferreira Gullar, e "Latinoamericana - Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe", organizada por Emir Sader, Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile, foram escolhidos os Livros do Ano (ficção e não-ficção, respectivamente) do 49º Jabuti, o mais tradicional prêmio literário brasileiro. Os prêmios foram entregues ontem à noite, na Sala São Paulo.


O livro de Gullar, publicado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne as colunas que o autor publicou na Folha em 2005. Gullar dedicou o prêmio a Antonio Henrique Amaral, autor da aquarelas, xilografias, óleo e colagens que ilustram "Resmungos" e as colunas de Gullar na Folha.


O vencedor de cada uma das 20 categorias recebeu um troféu, junto com a respectiva editora. Os segundos e terceiros lugares também levaram um troféu Jabuti. Os nomes dos três primeiros colocados em cada uma das seções já haviam sido anunciados em 21 de agosto passado. Carlos Nascimento Silva foi o primeiro lugar na categoria "romance" com "Desengano" (Agir). A lista completa dos vencedores está no site http://www.premiojabuti.org.br/.

Pedro José Ferreira da Silva ou simplesmente Glauco Mattoso

Ia postar um texto de Trotski e Lênin com comentários de Arbex Jr., mas navegando mudei de idéia e resolvi Observar um textículo do contundente Glauco Mattoso. O do Arbex posto depois.
Extraído do site, inclusive com a historiografia comentada, segue logo abaixo um pinçado: DEFECTIVO. Parte da coletânea de textos LÍNGUAS NA PAPA: UMA SALADA DOS MAIS INSÍPIDOS AOS MAIS PICANTES POEMAS DE GLAUCO MATTOSO publicado em 1982.
Para quem não conhece, Glauco Mattoso é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias. Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951), o nome artístico trocadilha com "glaucomatoso" (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até acegueira total em 1995), além de aludir a Gregório de Matos, de quem é herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.


DEFECTIVO [1977]

eu mordo
tu mastigas
ele engole
nós digerimos
vós cagais
eles policiam

"Defectivo" (1977) saiu originalmente no JORNAL DOBRABIL e foi reproduzido em inúmeros fanzines, colunas e suplementos literários, suscitando as mais díspares interpretações para um jogo de palavras millorianamente elementar. Por trás do choque verbal entre o aristocrático tratamento em "vós" e uma conjugação vulgar como "cagais" está a contestação da ditadura militar (cerceadora até do pluralista direito ao livre-paladar), mas outros analistas leram no poema alusões ao patrulhamento ideológico das esquerdas e até às relações homossexuais. O professor David William Foster, no ensaio "A poesia homoerótica de Glauco Mattoso" (publicado em 1998 na revista MEDUSA), referindo-se ao livro LÍNGUAS NA PAPA, afirma que "Provavelmente o poema mais genial dessa coletânea é 'Defectivo', não somente enquanto conjuga uma justaposição entre as práticas homoeróticas e a censura do discurso dominante, mas também enquanto perfila um inventário de atividades que envolvem o corpo inteiro, superando no processo a fragmentação imposta pela obrigação de limitar o sexo somente àquelas zonas aprovadas pelo mesmo discurso que o reprime."

Gostou? Passa no site do poeta!