quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tempo que volta sempre

O tempo passou,
mas ficou no sangue,
na bomba mestra
e ela não mente
Agora nos meus dedos
O teu sangue
Na unha, a pele
O cheiro da pele.
Entre os dentes
Fios crespos sem permanente
Se o tempo passou,
paciência!
A paixão
o carinho
a tara
Tudo há de ser inerente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

No corpo, a poesia é o presente!

NO CORPO

De que vale tentar reconstruir com palavras
o que o verão levou
entre nuvens e risos
junto com o jornal velho pelos ares?
O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo na noite
agora são apenas esta
contração (este clarão)
de maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

*Ferreira Gullar, ou tio José como alguns preferem...

Uma carta

Querida e sempre amada,


Notícia tua é sempre bom, mas me preocupa a tua tristeza.
Um dia conheci uma mulher maravilhosa, verdadeiramente linda, forte, com gana demais, viva, brilho nos olhos e pela face graças aos avanços da cosmética, uma mulher plena de seus sentidos, com valores sólidos, obstinada, e claro, duma felicidade pela vida que cativava à todos, o que houve?
Era uma mulher tão maravilhosa que por ela qualquer mortal em sã consciência pararia tudo só para vê-la e ouvi-la um pouco. Desejada sim, vi com os meus olhos e com os dos que me acompanhavam o transtorno que corria numa simples aparição. É aparição porque tinha passos de fada, parecia flutuar. E a voz? Um bom dia dela mudava a vida de qualquer um! Era duma doçura, duma delicadeza que me embriagava, me deixava completamente sem ação, estático, nem suspiro cabia... por onde anda essa mulher? Quem ou o quê ousa tentar retesar a magnitude dela?
Acredito que seja passageiro, afinal, por mais cegos que nos façam, um dia a venda cai e voltamos a si. Essência não se perde só assim.
Ter notícia tua é sempre bom, mas não lembrar do que vivi é impossível. Você que tem sangue nobre, princesa, estudada, viajada, uma lady farta de cultura e conhecimentos, explique-me como toda essa distância que nos afeta tanto, que não serve somente de medida, pode nos ser útil?
A falta do toque na sua pele macia, do seu aroma único, o hálito fresco...
Saudade é bom demais aos calos dos outros! Perdoe-me se não me faço de fácil compreensão, mas é que poderia ser melhor!
Ah, como seriamos felizes noutras plagas, ouvindo outras estórias e fazendo outras tantas somente nossas, seguindo, deixando a vida correr e ir ao lado dela de mãos dadas.
Assim mesmo, bem besta, um tipo doce, no limite do "quase que mela".
Nesses tempos a nossa preocupação é outra, com o tempo e a vida que chamam de moderna, desaprendemos, trocamos a pureza pelo orgulho, a doçura pela conveniência e as coisas ditas bobas viraram sonhos distantes, jogados num canto junto com os nossos segredos; trancados em nós mesmos.
Naquele momento em que a nossa vida quase se esbarrou, ficaram impressas suas marcas, as marcas do magnetismo, da simplicidade, da beleza da sua alma em meu caminho sinuoso.
Os parcos e importantíssimos espaços que ocupaste, ficaram vagos, à espera de inquilino, fechados, sem realizarem o sentido merecido, porém guardados.
O motivo desta carta se perdeu nos meus sonhos e nas lembranças enquanto escrevia, e acho que até deixaram de ter a importância, mas tenha a certeza que por mais que tenham acontecido muitas coisas desde o tempo que me apaixonei, teu lugar de amada, de musa, de pura emoção permanece intocado.

Com saudades,

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Tristeza

Esse eu pesquei bem dali do blogue do Mestre Manoel Nery.
Claro, pesquei por ter gostado, mas tem endereço próprio!

Tristeza

Tristeza é um sentimento do sujeito com piedade de si mesmo; eu sou vítima de uma perda, de uma ingratidão, de um não reconhecimento que eu esperava.
É a dor de esticar a mão e não alcançar o objeto, o braço encolheu; a tristeza tem causa em algo que nos escapou; portanto, nutre-se do passado.

Na perda de um ente próximo, quando se exaltam suas qualidades, por trás do que se diz, fica a impressão de que a exaltação se dá pelo que se perdeu com a ausência dele.

Assim a tristeza se veste com roupas antigas e se mascara com o novo; sabe conduzir a mente a voltar-se para as periferias si mesma.

A tristeza tem o dom de tornar um ambiente escuro, sombrio; não se saber abdicar do que se perdeu; não se aproveita a derrota para aprender algo; não se cresce com a derrota.

A tristeza nos arrasta para o passado e o passado é um tempo fora de nossa realidade aqui e agora. Viver no passado é alienar-se, sair de si mesmo para um tempo que já não mais existe; ai a tristeza faz ninho.

Mesmo na perda mais pessoal é preciso entender aquilo com um exercício de abdicação, de solidão, uma possibilidade de despertar outras potencialidades que se encontravam latentes.

Cíclico

Somos rodeados por ciclos e nem nos damos conta no dia a dia. Mas como podem ser úteis?
São os mais diversos, têm início, meio e fim, compõem e movem tudo; o dia é um ciclo, as marés, as estações e por ai vai, a vida é um ciclo finito, feito de ciclos menores. Tudo é parte de ciclos.
Se é sabido, o que falta é compreender; ligar os pontos! Tudo é "muito simples", na agricultura é assim e pode ser um grande exemplo. Todos sabemos que o ciclo do feijão é um. Ignoro o ciclo, mas sei da existência. Nas outras coisas relacionadas à vida, ocorre de maneira semelhante.
Se para tudo existe um ciclo, assim como no feijão, basta saber a hora, o time do ciclo. O feijão sei que existe um período do ano, dependendo de fatores externos também, como temperatura, umidade, pressão, que é favorável ou não ao plantio. E que se realizado no período mais apropriado, tratado em condições favoráveis, com cuidado, pode gerar uma linda florescência e conseqüentemente excelentes frutos, que por sua vez nos dará uma farta colheita. Mas olha como têm ciência, já sabemos que não adianta tentar colher os frutos enquanto estão na fase da florada, pois teremos flores, e não frutos, a não ser que queiras as flores, desinteressante no caso do feijão... Se plantado no período da colheita, mesmo que tenham outros fatores externos positivos, a colheita deste plantio será fraca. Talvez se plantado na época da colheita, só colheremos praga.
O feijão é simples. Existe até um Instituto do Feijão(!). Entre em contato e darão todas as dicas, dirão que existem um tanto de tipos, assim e assim, e tem folhetos, e formulas quase prontas, feito receita de bolo.
E na vida? Se nos considerarmos de tipos, regiões distintas, nascidos de outros feijões com outro tanto de peculiaridades, boas ou não, num exato segundo, num exato local...
O negocio é o seguinte, se o time existe, qual o meu? Qual o seu? O meu casa com o seu quando? E quando não? Não adianta, não tem o Instituto da Pessoa, só o dos Feijões, e aí?
Olha que interessante, no dia que você nasceu, se tirássemos uma foto do céu, olhado daquele ponto geográfico, teríamos um panorama, com o Sol num canto a tantos graus, a Lua noutro, Júpiter noutro etc, mas se andássemos dez quilômetros para a direita ou esquerda seria outro. Uma estrela a mais nasceria num canto e uma outra morreria e os ângulos com os corpos celestes mais próximos da Terra seriam outros. Na China por exemplo, seria outra foto, completamente diferente.
Se a terra, por conta de muita energia surte efeito em nós, a começar da gravidade do nosso planeta e também a influência magnética dos outros corpos celestes, podemos dizer que o feijão da China é diferente do nascido aqui no mesmo instante.
Então, a vida, um ciclo não repetitivo que teve início no momento do nascimento, teve início com mais energia em determinados assuntos por conta de ângulos exatos ou não com determinados planetas. Se você acompanhou realmente até aqui, imagine só: o ciclo tem início, meio e fim. Pode ser repetitivo ou não. Então podemos dizer que o momento exato do seu nascimento é único frente à latitude e longitude em ângulos com os corpos celestes, e por conta de dois objetos não ocuparem o mesmo lugar ao mesmo tempo, você é único!
Mas falávamos que esse ciclo é formado de outros ciclos, sim, e ele termina e inicia no exato momento do seu aniversário, ou não? Quando a terra der uma volta completa no Sol ou se quiser exatidão de números aos 365 dias 5 horas 48 minutos e 45 segundos após. Se é o inicio e o fim de um ciclo, o seu aniversário é um momento mais que especial, é mágico!
Claro, afinal aquele inicio de ciclo terá tônicas pertinentes à "soma" do momento do seu nascimento com aquele momento, favorecendo itens e desfavorecendo outros. Digo soma, mas não é nada disso, apenas uma forma mais branda, existe um monte de cálculos físico-matemáticos acerca disso, mas haverão alterações por conta das angulações dos corpos celestes e a influencia delas no momento do seu nascimento.
Se formos entrar mesmo no mérito a conversa vai muito longe, e é boa, mas o ponto alto é descobrir o time. Quando plantar? Quando colher?
Tem ciência! Astrologia. Substitua a palavra foto por Mapa Astral, ou Mapa Natal e o nome do assunto que falava é: Revolução Solar. Pesquise! Funciona, é ciência não é oráculo!


*Em tempo, não sou astrólogo, mas respeito demais a função!
E não estou para explicar, estou para despertar, provocar!