segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O Rolex do Huck

"Saí do pulso do meu dono aquele dia, numa rua dos Jardins, e até agora foi só decepção com o Brasil.
Pior do que ser puxado de dentro de uma Porsche Cayenne (ou seria com a BMW Turbo que ele estava naquele dia?) é ficar esquecido dentro de uma mochila. Ainda mais com a secura que anda fazendo em São Paulo.
Estava acostumado a ambientes refrigerados, primeira classe de aviões, jantares na Ilha de Caras. E, claro, tudo isso com a Angélica logo ali ao lado…
E agora?
Para começar, o “correria” já saiu arregaçando a minha pulseira. Mais tarde, tentou me vender numa feira de aves na periferia. Depois, ofereceu-me a um agiota.
Para quem foi fabricado com o objetivo de ser a caixa mais resistente do planeta, é aviltante uma negociação dessa ordem.
Do meu ponto de vista, falta de elegância é pior do que falta de pontualidade.
A Suíça também é um país dividido. Ok, em cantões, e não em favelas e condomínios blindados. Mas mantemos o glamour em qualquer circunstância.
Os tortos do mundo todo não depositam seu dinheiro em nossos bancos? Nazistas? Déspotas? Políticos brasileiros?
Sim. E, mesmo com tudo isso, continuamos com uma imagem de país limpo, verde e civilizado.
Porque temos fineza de espírito.
Nada contra nos roubarem dos pulsos dos lucianos, mauricinhos e plínios. É até uma boa propaganda para a fábrica que me fez.
Mas me trocarem por um 38, meia dúzia de balas, e acabar no pulso de um tira é demais até para quem é à prova de choque."

Excelente Observação do Castelo. Nunca ouviu falar? Aquele do Língua de Trapo, que escreveu o Caseiro do Presidente... Retirado na íntegra do Blog dele! Passa lá!

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