quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A densa Sra. Hilst

Minha cabeça, corpo, membros e alma andam meio atordoados, impacientes, por isso não prometo coisas minhas nos próximos dias. A produção está a mil, mas requer revisão, ando encontrado erros primários em postagens antigas. Vergonha.
Ainda assim, uma Observada neste da densa Sra. H. Hilst, que vale quanto pesa!

"O Tempo e sua fome.
Volúpia e Esquecimento
Sobre os arcos da vida.
Rigor sobre o nosso momento.

O Tempo e sua mandíbula.
Musgo e furor
Sobre os nossos altares.
Um dia, geometrias de luz.
Mais dia nada somos.

Tempo e humildade.
Nossos nomes. Carne.
Devora-me, meu ódio-amor,
Sob o clarão das despedidas.

Desgarrada de ti
Sou a sombra da Amada.
Das madeiras da casa
Farei barcas côncavas

E tingirei de negro
Os lençóis de fogo
Onde nos deitávamos

Velas
Bandeira para minhas barcas.

E de dureza e arrojo
Hei de chegar a um porto
De pedras frias.

Memória e fidelidade
Meu corpo-barca
Esmago contra as escarpas.

De luto e choros um dia
Verei tua boca beijando as águas
Teu corpo-barca. Minha trilha."

(Hilda Hilst)

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