terça-feira, 9 de outubro de 2007

A Lady

Numa empresa, trabalhei com um rapaz que era homossexual assumido. Bem resolvido, no alto dos seus quarenta e tantos anos, dizia gostar de homem, mas que não suportava homem que tem necessidade de ser como mulher, que quer falar como mulher, que quer negar a condição masculina própria. Muito discreto, passaria por heterossexual em qualquer ambiente.
Num determinado dia chegou uns vinte minutos além do de costume. Visualmente irritado, começou a trabalhar de forma mais enérgica, rápida, como se quisesse colocar o trabalho em dia.
Passado alguns instantes, gentilmente ofereci uma caneca de café.
Ele aceitou e senti que poderia puxar assunto.
- O que há contigo, estás nervoso com alguma coisa? Algo que posso ajudar? - Tentei.
- Não, não - disse ele - na verdade só estou bravo com uma situação que aconteceu agora cedo.
- Ontem, - continuou - conheci um cara, simpático, bonitão. Bebemos, dançamos e resolvemos ir para um Motel. Foi muito bacana, mas o terror aconteceu de manhã.
- Imagine, acordei na hora exata, se eu não fizesse nada errado, chegaria no horário. Corri, mas a "lady" que estava comigo...
- Você não acredita, - já num tom mais bravo e gesticulando muito - ele conseguiu me atrasar. Não queria acordar de jeito nenhum! E no banho? Ah, não tenho palavras para te descrever! Acho que em determinado momento fui um tanto agressivo e ele não entendeu.
- Veio com uma conversinha mole, do tipo: Poxa fulano, ontem você estava tão carinhoso, foi estupendo e agora age assim, de maneira fria. E o que me disse no meu ouvido? Pensa que eu esqueci? No furor da cama você até disse que me amava!
- Aí não prestou mais, eu já estava pronto, mas a bichinha ainda se arrumava e argumentava.
- Olhei fixamente nos seus olhos e disparei: Rapaz, você tem quantos anos mesmo?
- E com 27 anos você ainda acredita em homem bêbado? Ah, se manca, vamos logo que estou atrasado!

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