Com toda sinceridade, não tenho pretensão para chegar a 100 anos, é muito tempo, hoje não me vejo preparado, quem sabe daqui a algum tempo, mas admiro quem chega bem lá.
Não pelo simples viver, que já é árduo na maioria das vezes, nem pelas tantas mazelas que a vida vai nos colocar à frente nessa longa jornada, mas o medo, sim, se não penso em chegar a tal idade o maior motivo é o medo, o medo da demência. Chegar aos 100 com clareza de pensamento não é para todos.
Quando tinha um terço ou menos da minha idade, já que estou falando dela, conheci algumas estruturas em minha cidade natal, São Paulo, que me deixavam meio estarrecido. Um prédio em forma de S; um parque muito verde, com lagos e tudo enquanto, com estruturas imensas de concreto pelo meio, com verdadeiras intervenções em meio do verde, uma cúpula, um outro prédio retangular mas que por dentro traz uma serpente em forma de passarela, ou vice-versa, uma enorme marquise, que os jovens usavam para brincar de patins, bicicletas e pular cordas, e embaixo dela ainda museus, lanchonetes; noutro parque, aí já mais novo, uma enorme mão espalmada de concreto, com um veio de sangue em vermelho vivo onde se desenhava a América Latina nos dava as boas-vindas e ali uma infinidade de outras estruturas, todas muito bem organizadas compondo um espaço único. Depois de algum tempo, entre críticas, pois não são todos que gostam das tais estruturas, descobri que existia um único Ser que havia pensado nisso tudo.
Acho que daí veio o meu sonho, já na metade da minha atual idade, de enveredar por esses campos. Fui relapso, é certo e assumo, pois não fui buscar mais detalhes do sujeito àquela época, mas passei a olhar as construções com outros olhos.
Alimentando o sonho, com um orçamento familiar muito apertado cheguei a cursar o Colegial Técnico em Edificações, no qual cheguei a ser habilitado, e ali conheci um mundo de coisas e gentes, uma delas é meu Mestre até hoje, Manoel Nery, que vivo citando por aqui (Não deu Manoel, não me contive, afinal você fez parte), mas por um erro crasso deixei o sonho de lado e corri atrás do dinheiro. Burrice plena, afinal quando somos jovens sonhar é mais barato(!), e atrás do dinheiro corro até hoje. Mas não era aqui que queria chegar, falava sobre uma pessoa que desde um bocado de tempo me chama atenção.
A visão dele relação ao mundo é genial, procure assistir ou ler uma entrevista, que aliás são muito raras, e duvido não se apaixonar.
Um Brasileiro genuíno, sonhador de um mundo melhor, irreverente de humor ácido, talvez um dos últimos comunistas autênticos, Stalinista, um ser pensante até hoje, para ter idéia, em seu escritório são ministradas semanalmente aulas de filosofia com ciência, não sei se rico, mas se foi em algum momento, nunca ninguém soube.
Os amigos dele? Ah, foram e são os mais diversos seres pensantes, Prestes (à quem deu a casa onde era seu escritório de arquitetura no Rio para que o Partido Comunista Brasileiro se instalasse), Darcy Ribeiro, Gershon Knispel (artista Plástico), Ferreira Gullar (Vulgo Tio José) e mais um monte de gente boa. Não dá para ficar citando muita coisa, ele é infindável!
Odeia especialistas, acha-os todos os maiores burros que a ciência pode compor. Para ele todo ser humano tem que saber um pouco de tudo, de Filosofia, de Matemática, de Línguas, de Sociologia, de Biologia, de tudo, tanto prova, que num dos mais astutos projetos, na Argélia, ele fez uma Universidade inteira em apenas 2 prédios. "Eu queria fazer o que o Darcy Ribeiro propunha: dar mais ligações para que os estudantes tivessem mais contato, trocassem experiências. Então, aí é o ensino que evolui e influencia a arquitetura. De modo que a arquitetura cresce com esse apoio lateral da sociedade, da técnica."
A Obra deste mestre foi reconhecida nos quatro cantos do mundo e é muito vasta!
Pode parar um instante e bater palmas, ELE É UM BOM BRASILEIRO e já soma 100 anos de vida!
O meu singelo muito obrigado pelo legado deixado, por ter me apresentado uma das ciências que mais admiro. O presente quem ganhou fui eu (nós), e o que são 14 dias de atraso para quem já passa dos 100 anos?
Não pelo simples viver, que já é árduo na maioria das vezes, nem pelas tantas mazelas que a vida vai nos colocar à frente nessa longa jornada, mas o medo, sim, se não penso em chegar a tal idade o maior motivo é o medo, o medo da demência. Chegar aos 100 com clareza de pensamento não é para todos.
Quando tinha um terço ou menos da minha idade, já que estou falando dela, conheci algumas estruturas em minha cidade natal, São Paulo, que me deixavam meio estarrecido. Um prédio em forma de S; um parque muito verde, com lagos e tudo enquanto, com estruturas imensas de concreto pelo meio, com verdadeiras intervenções em meio do verde, uma cúpula, um outro prédio retangular mas que por dentro traz uma serpente em forma de passarela, ou vice-versa, uma enorme marquise, que os jovens usavam para brincar de patins, bicicletas e pular cordas, e embaixo dela ainda museus, lanchonetes; noutro parque, aí já mais novo, uma enorme mão espalmada de concreto, com um veio de sangue em vermelho vivo onde se desenhava a América Latina nos dava as boas-vindas e ali uma infinidade de outras estruturas, todas muito bem organizadas compondo um espaço único. Depois de algum tempo, entre críticas, pois não são todos que gostam das tais estruturas, descobri que existia um único Ser que havia pensado nisso tudo.
Acho que daí veio o meu sonho, já na metade da minha atual idade, de enveredar por esses campos. Fui relapso, é certo e assumo, pois não fui buscar mais detalhes do sujeito àquela época, mas passei a olhar as construções com outros olhos.
Alimentando o sonho, com um orçamento familiar muito apertado cheguei a cursar o Colegial Técnico em Edificações, no qual cheguei a ser habilitado, e ali conheci um mundo de coisas e gentes, uma delas é meu Mestre até hoje, Manoel Nery, que vivo citando por aqui (Não deu Manoel, não me contive, afinal você fez parte), mas por um erro crasso deixei o sonho de lado e corri atrás do dinheiro. Burrice plena, afinal quando somos jovens sonhar é mais barato(!), e atrás do dinheiro corro até hoje. Mas não era aqui que queria chegar, falava sobre uma pessoa que desde um bocado de tempo me chama atenção.
A visão dele relação ao mundo é genial, procure assistir ou ler uma entrevista, que aliás são muito raras, e duvido não se apaixonar.
Um Brasileiro genuíno, sonhador de um mundo melhor, irreverente de humor ácido, talvez um dos últimos comunistas autênticos, Stalinista, um ser pensante até hoje, para ter idéia, em seu escritório são ministradas semanalmente aulas de filosofia com ciência, não sei se rico, mas se foi em algum momento, nunca ninguém soube.
Os amigos dele? Ah, foram e são os mais diversos seres pensantes, Prestes (à quem deu a casa onde era seu escritório de arquitetura no Rio para que o Partido Comunista Brasileiro se instalasse), Darcy Ribeiro, Gershon Knispel (artista Plástico), Ferreira Gullar (Vulgo Tio José) e mais um monte de gente boa. Não dá para ficar citando muita coisa, ele é infindável!
Odeia especialistas, acha-os todos os maiores burros que a ciência pode compor. Para ele todo ser humano tem que saber um pouco de tudo, de Filosofia, de Matemática, de Línguas, de Sociologia, de Biologia, de tudo, tanto prova, que num dos mais astutos projetos, na Argélia, ele fez uma Universidade inteira em apenas 2 prédios. "Eu queria fazer o que o Darcy Ribeiro propunha: dar mais ligações para que os estudantes tivessem mais contato, trocassem experiências. Então, aí é o ensino que evolui e influencia a arquitetura. De modo que a arquitetura cresce com esse apoio lateral da sociedade, da técnica."
A Obra deste mestre foi reconhecida nos quatro cantos do mundo e é muito vasta!
Pode parar um instante e bater palmas, ELE É UM BOM BRASILEIRO e já soma 100 anos de vida!
O meu singelo muito obrigado pelo legado deixado, por ter me apresentado uma das ciências que mais admiro. O presente quem ganhou fui eu (nós), e o que são 14 dias de atraso para quem já passa dos 100 anos?
Parabéns Oscar Niemeyer!
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