O filme é novo, 1996, com aqueles elencos americanos que prefiro não me deter muito, Leonardo diCaprio etc e tal, mas isso aqui foi de outra época.
Coloque ao filme uns 40 anos a menos, lá numa cidade típica do interior do nordeste, mais precisamente do Maranhão.
Havia numa família, uns 10 filhos, vida apertada, nada muito fácil. Brinquedo nem pensar. Quando muito um carrinho feito de lata de óleo e o que mais houvesse à mão. Casa modesta e por sorte, de fundo para um rio caudaloso. Bom mesmo era brincar no rio e comer manga verde no pé.
Na lide diária, tudo era dividido. Uns varrem, outros lavam a louça, outros cozinham, além de estudar. Outra sorte dessa família, que fez todos filhos Ingenhero ou Dotô.
Não se sabe ao certo se por ler algo à respeito ou ouvir alguém dizer alguma coisa, mas um dia, durante a lavação das panelas do almoço na beira do rio, tarefa que deveria ser cumprida com esmero e dedicação, deixando o fundo feito espelho, um dos meninos pegou uma das panelas limpas e colocou sobre a cabeça. Brincando como qualquer criança, dizia aos irmãos ser o Homem da Máscara de Ferro, gritava e mergulhava na beira do Rio com a panela sobre a cabeça. Ele ficou fascinado, como a panela era funda, podia mergulhar que sobraria algum tempo a mais de ar.
Naquele dia, brincou com essa estória enquanto os demais terminavam a louça. Ele gritava: Eu sou o Homem da Máscara de Ferro! Eu sou... E mergulhava feliz enquanto os outros achavam graça.
Findada a tarefa, e alguns mergulhos mais tarde, ele tentou tirar a panela, mas não conseguiu.
Foi um tal de puxa daqui e força dali, mas mesmo assim, nada.
A agitação da criançada logo chamou a atenção da mãe. Temida naquele momento por conta dos possíveis tapas e castigos. Mas na verdade, talvez ela tenha ficado mais assustada que todas as crianças.
Após conseguir se acalmar tentou com tudo o que era produto escorregadio que estivesse à mão. Óleo, vaselina, sabão, mas nada da panela sair.
A criança já havia parado de chorar, mas quando lembrava da surra que poderia pegar logo após a retirada, a lágrima corria pela face.
Veio a vizinha, a outra e uma filha, e nada. Um peão mais forte levantou o menino do chão pela panela, e quem disse que saia do lugar.
Se havia algum consolo para o menino da panela não sair,era a possibilidade da surra ser menor, uma vez que não estava de todo recuperado; poderia ser tratado como um doente. E estranhamente, isso o deixava mais feliz! Ao mesmo tempo quando ouviu falarem em chamar um ferreiro na vila ao lado um frio subiu lhe o espinhaço. Ficava ali, com a panela na cabeça e a mente longe pensando como que seria a forma do ferreiro ajudar. E se ele errar e me machucar, pensava o garoto.
O tempo ia passando e o clima na casa ficando cada vez mais pesado. O menino chorava, a mãe gritava, os outros irmãos assustados brincavam com o fato, e era vizinho e mais vizinho que chegava para ver o ocorrido e tentar ajudar e nada da situação acabar.
Foram muitas pessoas que tentaram, de reza a graxa, mas não houve quem conseguisse, até aparecer o Dotô, primo do cunhado do vizinho, que por um acaso estava de passagem por ali.
Entre clamores e pedidos de misericórdia o Dotô veio até o menino, a essa hora já devidamente conhecido e identificado por todos da região como o Homem da Máscara de Ferro, atual, verdadeiro, ao vivo e em cores.
Ele chegou perto, olhando com estranheza o fato, um esboço de riso quase se formou, mas o assunto era sério, não podia demonstrar ironia diante de tantos familiares aflitos, perguntou ao menino sobre dores e este respondeu que nada sentia além do peso da panela.
Analisou a criança em silêncio, mexeu no pescoço, apalpou-lhe os gânglios e verificou as vértebras, mas nada de errado achou. Levantou da cadeira e segurando pelas alças da panela fez uma torção leve para um lado e para o outro, e o menino que estava suspenso pela panela desabou na cadeira para a surpresa de todos que assistiam da porta do recinto.
Foi muita alegria, a mãe abraçou o menino e depois correu para agradecer ao Dotô. Café fresco e bolo de tapioca, afinal a angustia havia terminado. A mãe, para espanto de todos os outros irmãos, amoleceu o coração e não deu a surra esperada. Para o menino foi muito mais que uma vitória, além da surra não dada agora brincava com os outros irmãos e vizinhos, onde era devidamente reconhecido como o Homem da Máscara de Ferro, e claro sem a máscara. O menino cresceu, assim como os outros irmãos inginheiro formado na capital. Fez família.
Por ironia do destino hoje é careca, o único da família, uns dizem que é por conta da panela, ou melhor, da máscara de ferro, mas para ele pouco importa, ele pode usar boné à vontade!
Coloque ao filme uns 40 anos a menos, lá numa cidade típica do interior do nordeste, mais precisamente do Maranhão.
Havia numa família, uns 10 filhos, vida apertada, nada muito fácil. Brinquedo nem pensar. Quando muito um carrinho feito de lata de óleo e o que mais houvesse à mão. Casa modesta e por sorte, de fundo para um rio caudaloso. Bom mesmo era brincar no rio e comer manga verde no pé.
Na lide diária, tudo era dividido. Uns varrem, outros lavam a louça, outros cozinham, além de estudar. Outra sorte dessa família, que fez todos filhos Ingenhero ou Dotô.
Não se sabe ao certo se por ler algo à respeito ou ouvir alguém dizer alguma coisa, mas um dia, durante a lavação das panelas do almoço na beira do rio, tarefa que deveria ser cumprida com esmero e dedicação, deixando o fundo feito espelho, um dos meninos pegou uma das panelas limpas e colocou sobre a cabeça. Brincando como qualquer criança, dizia aos irmãos ser o Homem da Máscara de Ferro, gritava e mergulhava na beira do Rio com a panela sobre a cabeça. Ele ficou fascinado, como a panela era funda, podia mergulhar que sobraria algum tempo a mais de ar.
Naquele dia, brincou com essa estória enquanto os demais terminavam a louça. Ele gritava: Eu sou o Homem da Máscara de Ferro! Eu sou... E mergulhava feliz enquanto os outros achavam graça.
Findada a tarefa, e alguns mergulhos mais tarde, ele tentou tirar a panela, mas não conseguiu.
Foi um tal de puxa daqui e força dali, mas mesmo assim, nada.
A agitação da criançada logo chamou a atenção da mãe. Temida naquele momento por conta dos possíveis tapas e castigos. Mas na verdade, talvez ela tenha ficado mais assustada que todas as crianças.
Após conseguir se acalmar tentou com tudo o que era produto escorregadio que estivesse à mão. Óleo, vaselina, sabão, mas nada da panela sair.
A criança já havia parado de chorar, mas quando lembrava da surra que poderia pegar logo após a retirada, a lágrima corria pela face.
Veio a vizinha, a outra e uma filha, e nada. Um peão mais forte levantou o menino do chão pela panela, e quem disse que saia do lugar.
Se havia algum consolo para o menino da panela não sair,era a possibilidade da surra ser menor, uma vez que não estava de todo recuperado; poderia ser tratado como um doente. E estranhamente, isso o deixava mais feliz! Ao mesmo tempo quando ouviu falarem em chamar um ferreiro na vila ao lado um frio subiu lhe o espinhaço. Ficava ali, com a panela na cabeça e a mente longe pensando como que seria a forma do ferreiro ajudar. E se ele errar e me machucar, pensava o garoto.
O tempo ia passando e o clima na casa ficando cada vez mais pesado. O menino chorava, a mãe gritava, os outros irmãos assustados brincavam com o fato, e era vizinho e mais vizinho que chegava para ver o ocorrido e tentar ajudar e nada da situação acabar.
Foram muitas pessoas que tentaram, de reza a graxa, mas não houve quem conseguisse, até aparecer o Dotô, primo do cunhado do vizinho, que por um acaso estava de passagem por ali.
Entre clamores e pedidos de misericórdia o Dotô veio até o menino, a essa hora já devidamente conhecido e identificado por todos da região como o Homem da Máscara de Ferro, atual, verdadeiro, ao vivo e em cores.
Ele chegou perto, olhando com estranheza o fato, um esboço de riso quase se formou, mas o assunto era sério, não podia demonstrar ironia diante de tantos familiares aflitos, perguntou ao menino sobre dores e este respondeu que nada sentia além do peso da panela.
Analisou a criança em silêncio, mexeu no pescoço, apalpou-lhe os gânglios e verificou as vértebras, mas nada de errado achou. Levantou da cadeira e segurando pelas alças da panela fez uma torção leve para um lado e para o outro, e o menino que estava suspenso pela panela desabou na cadeira para a surpresa de todos que assistiam da porta do recinto.
Foi muita alegria, a mãe abraçou o menino e depois correu para agradecer ao Dotô. Café fresco e bolo de tapioca, afinal a angustia havia terminado. A mãe, para espanto de todos os outros irmãos, amoleceu o coração e não deu a surra esperada. Para o menino foi muito mais que uma vitória, além da surra não dada agora brincava com os outros irmãos e vizinhos, onde era devidamente reconhecido como o Homem da Máscara de Ferro, e claro sem a máscara. O menino cresceu, assim como os outros irmãos inginheiro formado na capital. Fez família.
Por ironia do destino hoje é careca, o único da família, uns dizem que é por conta da panela, ou melhor, da máscara de ferro, mas para ele pouco importa, ele pode usar boné à vontade!
Um comentário:
Meu Deus, como tu tens esta incrível capacidade de tornar uma história real em um longo conto, delicioso de se ler. Melhor ainda quando falas dele. HAHAHA ... AMEI!!! Ass.: Cynara.
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