sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Observando "O Perdão"

Faz tempo que não escrevo.
Alguns me perguntam se estou bem, o que tem acontecido. Explico: trabalho querido leitor, trabalho... sem ele a roda não anda e como ainda não fui agraciado com um cartão corporativo do (des)Governo, não ganhei os últimos R$20 milhões da Mega-Sena, porque também não jogo, só me resta continuar na labuta.
Mas estou bem, seguindo a “doce” rotina, ainda que de vez em quando ela teime em ficar meio amarga; mais açúcar!
Tenho algumas dívidas minhas para colocar por aqui... O texto sobre os ciclos, outro sobre o sonho do homem ser como Ícaro fazendo um paralelo aos brinquedos de criança e adultos, mas por falta de tempo (ainda), deixo-os com mais um texto do amigo e Mestre Manoel. Eu sei, é coisa de vagabundo copiar sem expressar opinião verdadeira, mas nesse caso a única opinião breve que posso dar é que o Autor consegue em poucas linhas explicar coisas não tão simples com maestria! Um brinde!

"O Perdão


É um ato de isenção ante situações desagradáveis, ofensivas, humilhantes e tantas outras formas de ofensa. Você se isenta daquilo; aquilo não é pra você; o endereço está errado.
O perdão não é um princípio de religião; as religiões é que o adotaram como norma de orientar-nos a sairmos da lei de causa e efeito. A lei de causa e efeito é da Física: a cada ação corresponde uma reação da mesma natureza e em sentido contrário.
Traduzindo em miúdos, tudo o que eu faço volta para mim. Esta é uma lei como o jogo de ioiô: joga-se o ioiô e ele volta. Se tudo o que eu faço volta para mim, o ódio que eu tenho por alguém volta para mim, a mágoa, a inveja, o medo tudo volta para mim, sedimentando sempre mais meu rancor.
Quando alguém me ofende, lança sobre mim uma carga de energia do movimento; eu posso receber ou não aquela energia; se dou atenção àquilo, estou recebendo aquilo; se revido, fico saturado da energia ruim que veio do ofensor; saio do meu normal e vou agir conforme ele quer. Se me mantenho em repouso, se a provocação é ignorada, a energia que veio volta para o agressor porque eu estou num nível de energia que a dele não alcança.
Está aí na Internet a história daquele monge provocado por um samurai; o samurai o ofendeu de toda forma. Depois de algumas horas, saiu xingando o monge de covarde por não ter aceitado o desafio. Então os discípulos:
- mestre, como é possível o senhor suportar tanto!
- quando alguém lhes traz um recado que não é endereçado a vocês, o que vocês fazem?
- nós devolvemos; houve erro de destinatário!
- aquele moço trazia um recado que não era para mim; era não receber.
Dá pra perceber o que é o perdão? É colocar-se nesse ambiente de neutralidade em qualquer circunstância da humilhação, usurpação, ingratidão.
O perdão não é o ato de dizer “eu perdôo”; isso pode não significar nada; o perdão é ato de me manter sereno diante das más intenções.
Quem perdoa sai da turbulência; quem perdoa entra em si. O perdão é uma espécie de esconderijo; eu me escondo das intenções ruins do ofensor; o perdão é uma capa de proteção. Estejamos protegidos.
O fato de eu perdoar não me isenta de levar o agressor à justiça. Se não fizer a queixa, eu estou sendo conivente com as atitudes do agressor; ele se sente estimulado a repetir as mesmas atitudes com outra pessoa.
Nos filmes em que aparece oposição bem e mal, uma das facções está sempre agitada; a oposta está calma, está neutra, já se deduz quem vai vencer, por maiores que sejam as estratégias do rival."
Texto extraído na íntegra do Blog Ser - Por Manoel Nery

Nenhum comentário: